O metanol, também conhecido como álcool metílico, é uma substância química bastante utilizada como solvente industrial, combustível e componente de produtos como anticongelantes e desinfetantes. Apesar da semelhança com o etanol, o álcool etílico que a maioria dos consumidores de bebidas estão acostumados, o metanol é altamente tóxico para os seres humanos, mesmo em pequenas quantidades.
Como o metanol afeta o organismo?
Após a ingestão, o metanol é metabolizado no fígado pela enzima álcool desidrogenase, convertendo-se em formaldeído e, posteriormente, em ácido fórmico. Esses compostos são extremamente tóxicos e podem causar danos irreversíveis ao sistema nervoso central, fígado e rins. O ácido fórmico, em particular, é responsável por inibir a respiração celular, levando à falência de órgãos e à morte celular.
Sintomas da intoxicação por metanol
Os sintomas iniciais da intoxicação por metanol podem surgir entre 12 e 24 horas após a ingestão e incluem :
- Dor de cabeça intensa
- Náuseas e vômitos
- Dor abdominal
- Confusão mental
- Visão turva ou perda temporária da visão
Se não tratado, o quadro pode evoluir para:
- Cegueira permanente
- Convulsões
- Coma
- Falência renal e respiratória
- Morte
A cegueira ocorre devido ao dano ao nervo óptico causado pelo ácido fórmico.
Casos recentes no Brasil
Uma situação em São Paulo gerou alertas de diferentes órgãos oficiais. A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo confirmou que, desde junho, foram registrados seis casos de intoxicação por metanol, resultando em duas mortes confirmadas, uma na capital e outra em São Bernardo do Campo. Houve quem se intoxicou após beber uma caipirinha adulterada e outras pessoas por beberem um gin também adulterado. São investigados outros 10 casos.
Paralelamente, um alerta nacional foi emitido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública após o registro de um agrupamento de nove notificações de intoxicação em um período de 25 dias. O que tornou este alerta significativo foi a mudança no perfil das vítimas, que consumiram bebidas alcoólicas adulteradas, como gin, uísque e vodca, em ambientes sociais como bares e festas, diferentemente do padrão anterior associado a populações vulneráveis.
Especialistas alertam que a intoxicação por metanol pode ser confundida com uma ressaca comum, o que dificulta o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Por isso, é fundamental buscar atendimento médico imediato ao apresentar sintomas suspeitos após o consumo de bebidas alcoólicas.
Tratamento e prevenção
O tratamento da intoxicação por metanol deve ser iniciado o mais rápido possível e pode incluir:
- Administração de antídotos como etanol venoso ou fomepizol, que inibem a metabolização do metanol.
- Correção da acidez sanguínea com bicarbonato.
- Administração de ácido fólico ou sua forma ativa, ácido folínico, para acelerar a eliminação do ácido fórmico.
- Hemodiálise em casos graves para remoção do veneno.
A prevenção passa pela conscientização sobre os riscos do consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Autoridades sanitárias recomendam a suspensão da venda de produtos suspeitos e a fiscalização rigorosa de estabelecimentos comerciais.
É preciso estar atento e cobrar as autoridades
O metanol é uma substância altamente tóxica que, quando ingerida, pode causar danos graves e irreversíveis à saúde, incluindo cegueira e morte. É essencial estar atento aos sintomas de intoxicação e buscar atendimento médico imediato em caso de suspeita.
Além disso, é fundamental apoiar as medidas de prevenção e fiscalização para combater a venda de bebidas adulteradas e proteger a saúde pública.