O ex-governador Marconi Perillo aceitou no sábado ser oficialmente pré-candidato a governador. Aceitou ser o que, a olhos vistos, já era. O ato é parte de uma embalagem de marketing que junto povo, lideranças políticas, discursos animadores com palavras de ordem bem calculadas para os vídeos e redes sociais, e choro, muito choro emocionado.
No caso de Marconi, choro compreensível. Afastado de grandes atos eleitorais desde sua última derrota para o Senado, e após oito anos longe do poder, o reencontro com suas chamadas bases funciona como Renascimento das cinzas. Último a falar, em determinado momento ele se dirigiu à plateia e falou com semblante sério: “Fechem os olhos por um momento e imaginem comigo o Goiás que ainda podemos construir juntos.”
Nostalgia foi o ponto forte de todo o evento. Em novo jingle, é recuperado a velha fórmula “ele fez, ele faz”. Faltou um “vai fazer muito mais”, que ficou implícito. O marqueteiro Duda Mendonça ficou notabilizado pela sacada. Em Goiás, usou-a em campanha que fez para Iris Rezende e para Lúcia Vânia. Ambas para o governo. Também usou-a à exaustão para tentar dar nova roupagem a Paulo Maluf, em São Paulo. Por aqui, nunca foi um mote vencedor.
Na releitura, o objetivo é a lembrança de realizações de Marconi Perillo em seus quatro governos, desde 1998. Porém a estratégia deixa claro que há também objetivo de comparação com a atual gestão, de Ronaldo Caiado. Ignorando os 88% de aprovação dos goianos a Caiado, os marconistas pregaram que este é um governo sem obras.
O curioso. Um outro vídeo repetia: “Tá vendo (tal obra)… Marconi que fez”. Isso repetidamente, com citações variadas de feitos e obras antigas e atuais, a dizer: foi Marconi que fez, não foi Caiado. Caiado, no entanto, não é candidato a governador. O candidato é Daniel Vilela (MDB), que na pesquisa Aaas Intel divulgada um dia antes marcou 42,3% das intenções de voto na estimulada, contra 16,5% de Wilder Morais (PL), 15,6% dez Marconi e 15,4% de Adriana Accorsi (PT).
Daniel foi o menos rebatido no evento. O antagonista oficial, estratégico e contumaz dos marconistas o tempo todo foi Caiado. O discurso mais direcionado a uma narrativa que faz do emedebista o alvo, foi feito pela vereadora Aava Santiago, que procurou marcá-lo como herdeiro. Herdeiro de Maguito Vilela. Herdeiro do governo Caiado. Herancas negativas para o Estado, no raciocínio apresentado.
O que pareceu uma preocupação pontual dos organizadores do evento esteve na exposição contínua de populares, em vez de ênfase em nomes conhecidos do marconismo, como Jayme Rincon, ex-presidente da antiga Agetop (hoje Goinfra), e Jardel Sebba, ex-prefeito de Catalão e ex-presidente da Assembleia Legislativa. O destaque ficou para Carlos Lereia, prefeito reeleito de Minaçu, e os ex-deputados federais Jovair Arantes e Roberto Balestra, este último aposentado.
Marconi Perillo fez um discurso para levantar os ânimos da tropa. Carregou na exaltação de seus governos e no demérito do atual, em comparação nada subliminarmente. O futuro ficou para a frase dos olhos fechados, e na expectativa da volta do que saiu do slogan e virou marca de suas gestões: o tempo novo. O revival é a alternativa. Em momento estratégico, ele disse finalmente o que todos foram lá para ouvir e todo o aparato preparou: aceitava ser candidato de novo, mais uma vez, a quinta.