Goiás tem se destacado no cenário nacional por iniciativas voltadas à agricultura sustentável. Um dos principais exemplos é o Centro de Excelência em Bioinsumos (Cebio), criado há menos de quatro anos com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). Instalado no Instituto Federal Goiano (IF Goiano), o centro concentra esforços em pesquisa, desenvolvimento e difusão de bioinsumos — alternativas biológicas aos defensivos químicos convencionais.
Com três Unidades de Referência em Bioinsumos e nove Unidades de Transferência de Tecnologia, o Cebio atua diretamente na criação e disseminação de soluções voltadas ao controle biológico de pragas e doenças e ao estímulo ao crescimento vegetal. Os resultados já são promissores. Uma das pesquisas desenvolvidas pelo professor Nadson Pontes, por exemplo, mostrou que bacteriófagos naturais podem ser tão ou mais eficazes do que o tradicional hidróxido de cobre no combate à mancha bacteriana do tomate.

Outro experimento, publicado no Journal of Fungi, testou o uso do fungo Metarhizium anisopliae no controle do percevejo-marrom da soja. A solução biológica causou 98% de mortalidade nos insetos em poucas horas, reduzindo significativamente os danos à lavoura.

Além da pesquisa, o Cebio também tem papel social relevante. O programa Cebio Academy já capacita técnicos, agricultores e estudantes, com previsão de formar 300 pessoas por ano. O centro também atua em comunidades quilombolas e indígenas, promovendo o acesso à ciência e à tecnologia em territórios historicamente excluídos.
Com mais de 400 pesquisadores de instituições como IF Goiano, UFG, UFCat, UEG e Embrapa, o Cebio aposta em estratégias como rastreabilidade, descarbonização e criação de BioBancos Regionais do Cerrado, projetados para preservar microrganismos nativos com aplicações na biotecnologia.
A expectativa é que o modelo goiano sirva de referência para outros estados, mostrando que é possível produzir com eficiência e responsabilidade ambiental.