A confirmação de Jade Picon no elenco de “Tudo Por Uma Segunda Chance”, primeira novela em formato vertical produzida pelos Estúdios Globo, trouxe à tona, mais uma vez, a discussão sobre a escalação de influenciadores digitais para papéis de destaque na teledramaturgia. A decisão gerou um novo impasse burocrático com o Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro (Sated-RJ) e críticas públicas de profissionais da área, como a atriz Gabriela Dallacosta.
Impasse com o Sindicato
Segundo o Portal Metrópoles, na coluna de Fábia Oliveira, o ponto central da controvérsia reside na ausência do registro profissional de atriz (DRT) por parte de Jade Picon. Hugo Gross, presidente do Sated-RJ, afirmou que a influenciadora não possui a qualificação técnica exigida para a obtenção do registro definitivo. Segundo Gross, houve tentativas, por parte da equipe da influenciadora, de buscar o documento em outros estados, o que a entidade classificou como uma tentativa de “burlar a lei”.
Para viabilizar a participação de Picon na trama, a TV Globo interveio oficialmente, solicitando uma autorização especial ao sindicato. O documento foi concedido mediante pagamento de taxa, mas possui caráter temporário e validade restrita apenas à duração desta obra específica. O Sated-RJ reforçou que continuará fiscalizando a produção para garantir o cumprimento das normas trabalhistas e a valorização da categoria.
Reação da classe
A escalação não repercutiu bem entre alguns profissionais. Gabriela Dallacosta, atriz que integra o elenco da série “Arcanjo Renegado”, manifestou descontentamento público com a escolha. Em comentário nas redes sociais, Dallacosta classificou a situação como uma “desvalorização” do ofício.
“É triste ver como tiram oportunidades de atores e atrizes que estudam e dedicam a vida a isso. Atuar é muito mais que dar um texto”, pontuou a atriz, relembrando que Picon já havia sido alvo de críticas semelhantes durante sua atuação na novela “Travessia”, em 2022. Na visão de parte da classe, a preferência por influenciadores com alto engajamento digital em detrimento de atores formados precariza o mercado de trabalho.
Histórico
Esta não é a primeira vez que a presença de Jade Picon em novelas da Globo exige negociações sindicais. Em 2022, para atuar em “Travessia”, a emissora também precisou recorrer a uma autorização especial. O sindicato sinaliza que, nas próximas Convenções Coletivas de Trabalho, pretende endurecer as regras para garantir a inclusão de atores profissionais, transsexuais e negros como contrapartida em produções que escalem influenciadores sem formação cênica.









