O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou nesta sexta-feira (4) a reformulação das instituições financeiras globais e o fim das políticas de austeridade impostas a países em desenvolvimento, em discurso durante a reunião anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), no Rio de Janeiro.
Lula pediu que o NDB, conhecido como banco do Brics, lidere um novo modelo de financiamento internacional. “Não é doação, é empréstimo para dar uma chance a quem vive na miséria. A austeridade não funcionou em nenhum lugar”, criticou. Ele alertou que, sob esse modelo, “o pobre fica mais pobre e o rico mais rico”.
O presidente afirmou que o FMI e o Banco Mundial já não atendem às necessidades do mundo atual. “Precisamos debater alternativas viáveis. O continente africano deve US$ 900 bilhões, e só os juros já comprometem sua capacidade de investimento”, destacou.
Ao citar o Haiti, Lula classificou como “inadmissível” o fato de o país ter pago à França pela sua independência. Segundo ele, o valor corrigido hoje seria de cerca de R$ 28 bilhões. “Não é possível que o Haiti continue sendo um país semidestruído, dominado por gangues, sem conseguir eleger um presidente”, afirmou.
Lula lembrou que o NDB foi criado para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países emergentes, como os membros do Brics. Desde 2016, a sede do banco fica em Xangai e a presidência está nas mãos da ex-presidente Dilma Rousseff.
Segundo ele, o Brasil espera que o NDB financie estudos para instalar um cabo submarino de dados entre os países do bloco. O presidente também elogiou o uso de moedas locais em 31% dos financiamentos do NDB e defendeu que os países do bloco ampliem esse tipo de transação para reduzir a dependência cambial.
“O NDB prova que uma nova arquitetura financeira é possível. Nosso banco é a base de um modelo de desenvolvimento mais justo e soberano”, concluiu.