Durante o encerramento do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, realizado neste domingo (3) em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil precisa ser respeitado como potência e criticou a postura dos Estados Unidos em relação ao comércio internacional.
Lula defendeu a criação de uma moeda alternativa ao dólar nas transações com outros países e disse que está disposto a negociar, mas sem abrir mão dos interesses nacionais.
“O Brasil hoje não é tão dependente como já foi dos Estados Unidos. Temos uma relação comercial ampla com o mundo (…) e não somos uma republiqueta”, disse Lula. Ele também relembrou que os EUA ajudaram a articular o golpe militar de 1964, mas ponderou que o foco do governo está no futuro e em relações equilibradas.
As declarações ocorrem em meio ao anúncio do ex-presidente Donald Trump, que na última quarta-feira (30) assinou o temido decreto impondo tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A medida entra em vigor nesta quarta-feira, dia 6 de agosto, e foi justificada como resposta a uma suposta “emergência nacional” causada por ações do governo brasileiro.
Lula classificou a medida como uma tentativa de enfraquecer o sistema multilateral de comércio e favorecimento das grandes potências em negociações bilaterais. “Ele quer voltar à negociação país a país, onde o mais forte sempre vence. Isso não nos interessa”, afirmou. O presidente ressaltou que o Brasil já apresentou contrapropostas por meio do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Para Lula, a tática de Trump é inconcebível: “tentar impor uma questão política para nos penalizar economicamente é inaceitável”.