Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira, 10, que apoiará dois nomes ao Senado em Goiás: deputado federal Gustavo Gayer e o vereador por Goiânia Major Vitor Hugo. Duas vagas estarão em disputa: as que hoje são ocupadas pelos senadores Vanderlan Cardoso (PSD) e Jorge Kajuru (PSB), que devem ir à reeleição.
Bolsonaro colocou lenha na fogueira da direita, e do PL. Gayer defende o senador Wilder Morais como candidato a governador no ano que vem. Vitor Hugo acena para composição do seu partido com Daniel Vilela, que é vice-governador, presidente do MDB e já pré-candidato à reeleição como governador (o titular, Ronaldo Caiado, do União Brasil, avisou que renunciará em abril).
Essas diferenças têm chamado a atenção e indicado divisão na direita bolsonarista. O debate é acalorado, mas por ora é uma questão interna e não está fechada. O fato de os apoiadores de Gayer darem de ombros para a citação do ex-presidente ao aliado Vitor Hugo apenas reforça que o assunto carrega muita torcida e arestas a serem aparadas.
Gravitar em torno do grupo mais forte de poder no Estado é uma estratégia antiga. E o grupo que hoje mais inspira perspectiva de poder, portanto mostra mais potencial eleitoral para quem está de olho em um mandato em 2026, é o do governo estadual. Gracinha Caiado (União Brasil), primeira-dama, é tida como favorita. Uma das duas vagar, entendem, será inevitavelmente dela, como seria caso o postulante fosse o próprio Caiado.
Nesse raciocínio, ser candidato junto com Gracinha ao Senado é elevar a própria possibilidade de vitória, que viria quase por gravidade: a segunda opção arrastada pela primeira na hora do voto. Isso explica a quantidade de interessados em ser candidato a senador na órbita dos Caiado: do governador, bem avaliado e com base ampla, e da primeira-dama, a candidata principal dele.
Simples assim, embora complicado na prática. Porque é preciso combinar com o eleitor. Em 2002, Demóstenes Torres (PFL à época) não era o favorito ao Senado pelo Democratas. Lúcia Vânia (PSDB) e Iris Rezende (MDB) eram os nomes da vez. Porém, o embate direto entre o tucano e o emedebista dividiu atenção e votos. Demóstenes virou o segundo voto de quem escolhia Iris ou Lúcia. Venceu com folga.
Não há regra que vaticine que duas candidaturas ao Senado vão inevitavelmente dividir a direita goiana. Pode unir, por exemplo. O grande ponto sobre essa questão está em outro lugar, e não na formação de uma chapa com dois nomes. Está em resolver internamente se o partido terá ou não candidato a governador. Pacificada essa questão, a tendência é que o restante se ajeita.
Determinante será o diálogo daqui pra frente entre Gayer e Vitor Hugo. Assim como o papel que desempenhará Wilder Morais nesse processo. Wilder tem sido cobrado para que seja mais ativo no projeto de disputar o governo; sua passividade incomoda aliados. Passa pelos três o futuro da direita bolsonarista no Estado. Definir se vai para o confronto com a direita caiadista ou junta-se a ela. Chapa pronta, decidida e unida? Bolsonaro deu o caminho. Arrumar a casa é o próximo passo.