Por 6 a 4, STF mantém prisão do ex-presidente Fernando Collor

Julgamento no plenário virtual foi encerrado na noite de ontem

Compartilhe

© José Cruz/Agência Brasil

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta segunda-feira (28), por 6 votos a 4, manter preso o ex-presidente Fernando Collor de Mello, condenado a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro em um processo derivado da Operação Lava Jato. 

A prisão de Collor foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes na quinta-feira (24). A decisão monocrática foi levada a referendo dos demais ministros no dia seguinte, quando formou-se a maioria de 6 a 0 para manter a determinação. Concordaram com o relator, formando a maioria para manter a prisão, os ministros Flávio Dino, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia e Dias Toffoli.

O julgamento chegou a ser interrompido por um pedido de destaque – remessa a julgamento presencial – do ministro Gilmar Mendes, mas ele recuou no fim de semana, permitindo a continuidade da votação em sessão virtual extraordinária marcada para a segunda-feira. 

O placar final foi alcançado algumas horas antes do fim da sessão de julgamento, encerrada às 23h59 desta segunda-feira. Todos os quatro ministros que votaram por último opinaram pela soltura do ex-presidente – André Mendonça, Luiz Fux, Gilmar Mendes e Nunes Marques.

O ministro Cristiano Zanin se declarou impedido de participar do julgamento por ter atuado como advogado em processos da Operação Lava Jato antes de chegar ao Supremo.

Nos votos pela soltura de Collor, os ministros entenderam que um último recurso do ex-presidente ainda deve ser julgado pelo plenário, antes que ele possa ser preso para cumprimento de pena. Esse mesmo recurso havia sido considerado “protelatório” por Moraes, que o desconsiderou ao determinar a prisão para cumprimento de pena. 

Moraes seguiu diversos precedentes do próprio Supremo, ao considerar protelatório um embargo infringente, um recurso cabível quando há ao menos quatro votos divergentes em um julgamento. 

Os quatro ministro que votaram pela soltura, contudo, destacaram que houve quatro votos divergentes acerca do cálculo da pena de Collor, motivo pelo qual o embargo infringente do ex-presidente não poderia ser considerado protelatório, isto é, uma estratégia da defesa com o objetivo apenas de adiar a prisão.  

Ao votar para que o embargo seja julgado, Gilmar Mendes argumentou que “a temática não se encontra pacificada na jurisprudência do STF de modo a autorizar a conclusão de que os embargos infringentes seriam meramente protelatórios”. 

“Anoto, assim, ser o caso de superar o entendimento alcançado nos referidos precedentes e conhecer dos embargos infringentes”, afirmou. 

Entenda 

Collor foi condenado pelo Supremo em maio de 2023, em julgamento que tomou sete sessões presenciais do plenário. Por unanimidade, os ministros decidiram que o ex-presidente e ex-senador, como antigo dirigente do PTB, foi responsável por indicações políticas para a BR Distribuidora, empresa subsidiária da Petrobras, e recebeu R$ 20 milhões em vantagens indevidas em contratos da empresa. Segundo a denúncia, os crimes ocorreram entre 2010 e 2014.

Os ministros discordaram, contudo, sobre o cálculo da pena. Isso abriu caminho para sucessivos recursos que adiaram a prisão. A condenação viria a ser confirmada em novembro do ano passado, mas na ocasião quatro ministros votaram mais uma vez pela redução de pena para 4 anos – Dias Toffoli, Gilmar Mendes, André Mendonça e Nunes Marques. Eles reafirmaram que houve erro na dosimetria. Com esses votos divergentes sobre a sentença, a defesa recorreu mais uma vez.

Para Moraes, relator do caso, esse último embargo infringente se refere apenas ao tamanho da pena, e por isso não teria o efeito de impedir a prisão. Concordaram com o relator, formando a maioria para manter a prisão, os ministros Flávio Dino, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia e Dias Toffoli.

Collor está preso no presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió. Por ser ex-presidente, ele cumpre a pena em uma ala especial. 

Os advogados pediram prisão domiciliar, alegando problemas graves de saúde, como apneia do sono, distúrbios neuropsicológicos e doença de Parkinson. Após audiência com os advogados, Moraes deu prazo de 48 horas para que a defesa detalhe com documentos e laudos o estado de saúde do ex-presidente. 

Após esse prazo, caberá ao relator uma primeira análise sobre a concessão ou não do regime domiciliar por razão humanitária. A questão deve também ser remetida para julgamento pelo plenário.

Recentes
Guia completo: todos os jogos e eventos deste fim de semana
Guia completo: todos os jogos e eventos deste fim de semana
Esportes · 19h
Disputa pelo título da F1 esquenta no GP do Brasil
Disputa pelo título da F1 esquenta no GP do Brasil
Esportes · 1d
Cabeleireira de BH vira personagem de crise na Índia
Cabeleireira de BH vira personagem de crise na Índia
Mundo · 1d
Alagamentos em Goiânia aumentam 140% em 8 anos
Alagamentos em Goiânia aumentam 140% em 8 anos
Goiás · 1d
Mais do PortalGO
Foto: Ricardo Stuckert/PR
Guerras revertem avanços climáticos, diz Lula em Belém
Presidente Lula disse que guerras levam a um “apocalipse climático”. Falou em Belém sobre a necessidade de uma transição energética justa. 07 nov 2025 · Notícia
Foto: Luiz Silveira/STF
Moraes nega último recurso de Bolsonaro contra prisão
Ministro Alexandre de Moraes votou pela rejeição do último recurso de Jair Bolsonaro contra condenação a 27 anos de prisão 07 nov 2025 · Justiça
Foto: Divulgação
UEG leva pesquisa sobre materiais sustentáveis e cidades esponja à COP30
Núcleo da UEG é selecionado para integrar a Blue Zone da conferência 07 nov 2025 · Goiás
Goiânia – Foto: Natã Alves Motta / Unsplash
Final de semana em Goiânia tem Fagner, Festival Vaca Amarela e mais
De sexta a domingo, Goiânia recebe eventos que misturam cultura, humor, solidariedade e música independente. 07 nov 2025 · Cultura
Foto: Will Rosa – Alego
OAB-GO repudia falas do deputado que chamou religiões afro de “demoníacas”
Declarações foram feitas pelo deputado Amauri Ribeiro (União Brasil) 07 nov 2025 · Goiás
Foto: Freepik
Professor brasileiro vence prêmio da Unesco por estudos sobre ética em IA
Virgílio Almeida é reconhecido por contribuições na governança digital e regulação de algoritmos 07 nov 2025 · Brasil
Foto: Divulgação NCI PRF
PRF apreende mais de 100 celulares e quase 400 canetas emagrecedoras em carro na BR-153
Motorista e passageira alegaram que os itens seriam para consumo próprio 07 nov 2025 · Segurança
Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
STF reconhece omissão do Congresso para com imposto dos super-ricos
Flávio Dino defendeu prazo de dois anos para o Congresso agir 07 nov 2025 · Justiça
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
De Goiás a São Paulo: Fica apresenta filmes e painéis no Memorial da América Latina
Com entrada franca, a programação reúne painéis, mesas de debate e sessões educativas 07 nov 2025 · Cultura
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
STF começa a julgar recursos de Bolsonaro e aliados contra condenação na trama golpista
Julgamento será virtual e termina no dia 14 de novembro 07 nov 2025 · Brasil