O governo do Canadá decidiu alterar de forma definitiva o Memorial às Vítimas do Comunismo, inaugurado em dezembro de 2024, em Ottawa, após investigações revelarem que a lista de homenageados incluía nazistas, colaboradores do regime hitlerista e criminosos de guerra. A mudança elimina qualquer menção nominal no espaço conhecido como “Muro da Lembrança”, que permanecerá sem inscrições.
A decisão foi confirmada pelo Departamento do Patrimônio Canadense cerca de um ano após a inauguração do monumento. Desde a abertura ao público, o local destinado aos nomes já permanecia coberto por placas pretas, enquanto cresciam questionamentos sobre os critérios adotados para a escolha dos homenageados.
O memorial foi aprovado em 2009 e comissionado pela Liberty Foundation, organização formada por imigrantes e descendentes de países do Leste Europeu que viveram sob regimes comunistas durante a Guerra Fria. Parte do financiamento veio de doações privadas, mas o governo canadense arcou com a maior parcela dos custos. Em contrapartida, doadores puderam indicar nomes de supostas vítimas do comunismo para inclusão no memorial.
Ao longo da construção, denúncias publicadas pela imprensa canadense e por organizações ligadas à memória do Holocausto apontaram que a lista continha figuras associadas ao nazismo e ao fascismo. Entre os nomes identificados estavam Ante Pavelić, líder do regime fascista croata responsável por perseguições e assassinatos em massa, Roman Shukhevych, colaborador dos nazistas ligado a massacres durante a Segunda Guerra Mundial, e Janis Niedra, envolvido diretamente na execução de judeus antes de migrar para o Canadá.
Diante das revelações, o Departamento do Patrimônio passou a exigir a verificação individual de cada nome. Mesmo assim, após a identificação de ao menos 330 nazistas ou colaboradores, o governo decidiu vetar definitivamente qualquer homenagem individual no local. Inicialmente, estavam previstos 553 nomes.
Em nota ao jornal Ottawa Citizen, a porta-voz do órgão, Caroline Czajkowski, afirmou que a mudança busca garantir que o memorial esteja alinhado aos valores canadenses de democracia, direitos humanos e respeito à memória histórica. O monumento seguirá aberto à visitação, mas sem referências nominais a indivíduos.








