Na campanha de Goiânia, ano passado, havia o consenso entre os adversários de Rogério Cruz, que buscava a reeleição, de que a situação da prefeitura ia de mal a pior, e que era preciso alguém com coragem e conhecimento de gestão para arrumar as coisas.
Venceu Sandro Mabel, empresário e gestor de sucesso, por exemplo, no comando Federação das Indústrias do Estado de Goiás, FIEG.
O empurrão político foi do governador Ronaldo Caiado, quem acompanhou a eleição sabe, mas a figura do gestor para uma cidade sem gestão era o que as pesquisas apontavam como vontade do povo.
Mabel vem fazendo justamente o que prometeu em palanque: gestão a seu jeito. E comunicando-se também como acha que deve.
O sucesso de sua gestão e de sua comunicação dependem dele, basicamente, porque é ele que dá o tom, toca a música e faz as dancinhas. Na prática, não faz diferente do que sempre fez, na política. A diferença está na ferramenta.
E tanto tem incomodado esse estilo que começamos a ver dois grupos se formando: os que estranham e discordam, e os que se assustam e passam a torcer contra.
A torcida para que a gestão Mabel naufrague está indo além da oposição. Entre aliados começa já o burburinho dos que esperam a queda para passar a mão no botim.
É uma torcida contra Goiânia. As decisões do prefeito, em vez de ganharem fóruns de discussão e debate, servem apenas de alvo para tiros de canhão que apenas destroem, não constroem soluções alternativas.
Na imprensa, os fatos levantam questões de ordem, como as que envolvem a Comurg, dispensas de licitação, limpeza falha. Mas igualmente há espaços generosos para a simples destilação de raivas e ironias.
São sete meses de gestão. Sete meses de transição, para ele, da prática da gestão e comunicação privadas, para o pragmatismo emaranhado que é a gestão pública.
Quem já passou pelo setor público sabe que o tempo é razoável, mas não é suficiente para mudanças profundas. Na verdade, não há como julgar a gestão Mabel como boa e ruim. Ainda não. O tempo é outro: participar nem que seja questionando, sem se omitir e sem torcer contra.
É muito claro como Mabel gosta de debater. Como se sente motivado a ser desafiado. Como acredita no protagonismo que recebeu nas urnas e no personagem com que se vestiu para ser o prefeito que disse nas urnas que seria.
Ele não foge ao bom embate e não se desvia do que acredita. As consequências vemos nas redes sociais e nas suas atitudes. E reparem como ele sempre parece aumentar a aposta quando todos acham que mudará o rumo.
Não vi pesquisas recentes, porém é possível que, com elas nas mãos, ele decida reavaliar algumas situações, rever pontos de sua ação, calibrar o discurso. Isso te parece que já vem acontecendo.
Porque é o razoável para um gestor que se preze fazer. É sobrevivência política reparar no povo, principalmente quando se decide peitar o chamado sistema, com seus vícios, seus interesses imediatos, seus lobbies e suas idiossincrasias.
Mabel é gestor e comunicador do jeito que quer. O povo é que dirá se está certo, errado ou mais ou menos. E o povo é que decidirá o que fazer: mantê-lo, porque os resultados valem a pena o jeito – respiremos – peculiar de ser, ou se será melhor tirá-lo do caminho para que outro faça melhor.
Melhor, enquanto isso, cuidar do essencial: a fiscalização de seus atos para funcionar, a oposição ser mais eficiente do que barulhenta, e devolver-lhe na mesma medida o incômodo público das cobranças razoáveis nas redes (sociais), nas ruas, sem hora pra parar – repararam que ele parece nem gostar de dormir?
Torcer contra, simplesmente, não “conserta” Mabel – lembrem-se: o povo -, não resolve – quem disse que assim, como vai, os problemas não serão resolvidos? – e não muda a realidade dos fatos: ele é o prefeito eleito pela população.
Torcer contra Mabel não é torcer a favor de Goiânia. É jogar contra o patrimônio público dos goianiense. E distorcer o presente e, quem sabe, o futuro de Goiânia. Quem gosta de perder?