Entre um streaming e outro, que tal aproveitar as férias para redescobrir jogos clássicos que marcaram época? Três títulos — Crash Twinsanity, BioShock Infinite e Ōkami — ainda hoje oferecem experiências únicas, mesmo com seus defeitos. Se você já jogou, talvez seja hora de zerar de novo, agora com outros olhos (e menos pressa).
Crash Twinsanity
Lançado em 2004, Crash Twinsanity é aquele tipo de jogo que parece mais uma grande improvisação que deu certo no carisma. A história é simples: Crash e seu arqui-inimigo Cortex precisam se unir pra impedir uma ameaça maior. O que era pra ser só mais um jogo da franquia virou uma comédia pastelão com humor absurdo, fases malucas e uma das trilhas sonoras mais criativas já feitas — tudo vocalizado por humanos.
Mas vamos ser sinceros: o jogo tem alguns problemas. Tem bugs chatos, queda de FPS, câmera torta e um final que parece cortado pela metade (porque foi mesmo). Dá pra sentir que a pressa atropelou o polimento.
Ainda assim, Twinsanity tem alma. O mundo semiaberto foi ousado pra época, as interações entre Crash e Cortex são hilárias e, mesmo falhando em alguns aspectos técnicos, o jogo entregou algo que muitos da série não têm: personalidade.
Não foi um sucesso comercial, nem foi amado pela crítica, mas com o tempo ganhou o título de “o mais diferente da franquia” — e, pra muita gente, também o mais divertido.
Plataformas: Playstation 2 e Xbox (o original mesmo, antes do 360)
Bioshock Infinite
Lançado em 2013, BioShock Infinite te leva pra uma cidade flutuante cheia de cor, ideologia e tiros. Columbia é linda de ver e horrível de entender: racismo, fanatismo religioso e paradoxo temporal se misturam num roteiro que tenta ser profundo o tempo todo. Às vezes acerta. Às vezes força.
O gameplay? Funciona. É ágil, tem ação boa, poderes legais, mas fica repetitivo lá pela metade. E mesmo com toda a crítica social embutida, o jogo insiste em te dar uma espingarda na mão a cada dois passos. Um banho de sangue poético — ou só contraditório mesmo.
Elizabeth, a companheira de jornada, é carismática e bem escrita, mas o jogo tem tanta coisa acontecendo que ela vira coadjuvante do próprio drama.
Infinite é o típico jogo que quer ser cabeça, mas também blockbuster. Funciona em partes, brilha em outras, e termina te deixando mais confuso do que tocado. Mas não dá pra negar: é uma experiência.
Plataformas: PC, Xbox 360 e Playstation 3
Okami
Ōkami é aquele jogo que foi lançado na época errada, mas envelheceu como vinho. Em 2006, ninguém parecia interessado em um Zelda japonês com uma deusa-loba pintando a tela. A Capcom lançou pro PS2 no fim da geração e quase ninguém jogou. Depois saiu para Nintendo Wii, PC e outros
Visualmente, Ōkami é deslumbrante. Parece uma pintura em movimento, com pinceladas literais que você usa pra resolver puzzles e enfrentar inimigos. O sistema do “pincel celestial” é criativo até hoje, e a narrativa mergulha na mitologia japonesa sem medo.
O ritmo é lento, os diálogos são longos, e às vezes você só quer pular a fala do Issun — mas o conjunto compensa. É um daqueles jogos que não te aceleram, mas te convidam a contemplar.
O mundo não estava pronto pra Ōkami em 2006. Talvez nem agora. Mas se você topar desligar o senso de urgência e aproveitar esses jogos clássicos no tempo da arte, vai encontrar um dos títulos mais belos e autorais já feitos.