Economia brasileira enfrenta cenário desafiador: juros devem continuar subindo e crescimento poderá desacelerar em 2026, ano de eleições presidenciais
Especialistas apontam dificuldades para estabilizar a dívida pública e projetam impacto limitado do pacote fiscal
Mesmo com a aprovação das medidas do pacote fiscal apresentado recentemente, a economia estimada pelo governo dificilmente será alcançada, afirmam economistas. Projeções indicam que, no melhor cenário, o pacote gerará uma economia de R$ 20 bilhões a menos do que o esperado, e, no pior, de até R$ 30 bilhões.
Segundo a MB Associados, o pacote depende de poucas medidas estruturais significativas, sendo que grande parte dos ganhos deve vir da redução de emendas parlamentares — algo difícil de passar ileso pelo Congresso. Para Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria, mesmo que as metas de zerar o déficit em 2025 e atingir superávit de 0,5% do PIB em 2026 sejam atingidas, isso não será suficiente para conter o avanço da dívida, que deve alcançar 84% do PIB em 2026, um aumento de 12 pontos percentuais em quatro anos.
Para estabilizar a dívida em relação ao PIB, seria necessário um superávit primário de 4,2% do PIB, algo inviável considerando as atuais projeções de crescimento de 1,8% e juros reais de 7% ao ano.