Pequenos demais para vermos a a olho nu, mas grandes o suficiente para causar uma enorme preocupação para a sociedade do século XXI. Os microplásticos — partículas de plástico com menos de 5 milímetros — estão presentes em praticamente todos os ambientes do planeta: do topo das montanhas ao fundo dos oceanos, da água potável ao sangue humano. Apesar de serem invisíveis para a maioria de nós, eles levantam sérias questões sobre o impacto na saúde humana e ambiental.
O que são microplásticos?
Microplásticos são fragmentos resultantes da degradação de objetos plásticos maiores — como sacolas, garrafas e embalagens — ou produzidos já em tamanho microscópico, como as microesferas usadas em produtos cosméticos e de limpeza. Eles são divididos em duas categorias: primários, fabricados com esse tamanho reduzido desde o início; e secundários, que se formam a partir da decomposição de resíduos plásticos ao longo do tempo.
Um exemplo do dia a dia, mas que é comum numa determinada época do ano, o Carnaval, é o Glitter. Outro é o Teflon de algumas panelas antiaderentes.
Como surgem e onde estão?
O uso cotidiano de plásticos e a baixa taxa de reciclagem são os principais responsáveis por fazer os microplásticos surgirem e se espalharem. Estimativas da ONU indicam que cerca de 11 milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos a cada ano — e grande parte se fragmenta com o tempo.
Os microplásticos já foram detectados em alimentos como peixes, sal, mel e até na água engarrafada. Eles também são liberados pelo atrito de pneus nas estradas, pela lavagem de roupas sintéticas e pela degradação de plásticos descartados de forma incorreta.
O que sabemos sobre os impactos à saúde?
Embora a ciência ainda busque respostas definitivas, estudos iniciais indicam que os microplásticos podem se acumular no corpo humano. Em 2022, uma pesquisa publicada na revista Environment International encontrou microplásticos na corrente sanguínea de voluntários pela primeira vez. Eles também já foram detectados nos pulmões, na placenta, no cérebro e até em testículos.
Os riscos potenciais incluem processos inflamatórios, reações imunológicas e danos celulares. Além disso, os microplásticos podem atuar como “vetores” de substâncias químicas tóxicas, como metais pesados e pesticidas, ou de microrganismos prejudiciais.
Ainda não está exatamente claro qual o maior dano causado a longo prazo pelos microplásticos, então cientistas estão em alerta.
Como reduzir a exposição?
Evitar o uso excessivo de plásticos descartáveis, optar por roupas com menos fibras sintéticas e reduzir o consumo de alimentos industrializados são algumas das medidas sugeridas por especialistas. Também é importante pressionar por políticas públicas que incentivem a reciclagem e o desenvolvimento de materiais biodegradáveis.
Claro, não é possível fugir do plástico de maneira absoluta. A partir do momento em que o ser humano decidiu desenterrar o petróleo, é impossível escapar dos seus efeitos, seja pela poluição dos combustíveis, seja por essa outra forma ainda menos visível.
Enquanto a ciência avança para entender os reais efeitos dos microplásticos na saúde humana, a prevenção e a redução do uso de plásticos continuam sendo os caminhos mais seguros para proteger o planeta — e a nós mesmos.