Com informações de Maria Fernanda Ziegler – Agência Fapesp CC BY-ND 4.0 — Um dos principais desafios enfrentados por estudantes com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é manter o foco durante as atividades escolares. Diante disso, muitos pais e educadores apostam na troca de turno — especialmente para a tarde — como estratégia para melhorar o desempenho.
No entanto, uma nova pesquisa com mais de 2 mil estudantes brasileiros indica que essa mudança não traz benefícios significativos para quem apresenta sintomas acentuados do transtorno.
O levantamento, publicado na revista European Child & Adolescent Psychiatry, analisou dados de 2.240 crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos. A pesquisa foi conduzida no âmbito do Brazilian High Risk Cohort Study (BHRCS), com apoio da FAPESP, e avaliou habilidades de leitura e escrita, histórico escolar e presença de sintomas de TDAH ao longo de três anos. A conclusão: estudar à tarde melhora o desempenho apenas entre alunos com poucos ou nenhum sintoma do transtorno.
Para estudantes com sinais mais marcantes de TDAH, o rendimento escolar permanece abaixo da média, independentemente do turno.
Segundo o Ministério da Saúde, 7,6% das crianças brasileiras têm diagnóstico de TDAH. Os sintomas mais comuns são desatenção, impulsividade e hiperatividade — fatores que, quando não tratados, podem resultar em atrasos de aprendizagem, evasão escolar e até problemas emocionais na vida adulta.