O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou nesta segunda-feira (28) que o Brasil não abrirá mão do controle sobre seus minerais críticos e que essas riquezas devem impulsionar o desenvolvimento nacional. Em discurso durante a inauguração da usina termelétrica GNA II, em São João da Barra (RJ), Lula alertou para o crescente interesse de potências estrangeiras nos recursos brasileiros e assegurou que qualquer pesquisa ou exploração dependerá da autorização e supervisão direta do governo federal.
“Se eu nem conheço esse minério e ele já é considerado crítico, eu vou pegar ele para mim. Por que deixar para outro?”, declarou o presidente, ao criticar a tentativa de países como os Estados Unidos de obter acesso privilegiado a recursos estratégicos no Brasil e na Ucrânia.
Lula deixou claro que os recursos minerais do país pertencem ao povo e que caberá ao Estado garantir que sua exploração ocorra de forma soberana, com geração de riqueza interna. “O Brasil não vai entregar o que é seu”, afirmou.
O presidente anunciou a criação de uma comissão especial para mapear as riquezas do subsolo brasileiro, ressaltando que cerca de 70% do território nacional ainda não foi pesquisado. Ele reforçou que empresas privadas poderão atuar apenas sob controle do Estado. “A hora que a gente der autorização para uma empresa e ela achar [minério], ela não pode vender sem conversar com o governo. Muito menos vender a área, porque aquilo é nosso”, pontuou.
Os minerais críticos — como lítio, níquel, silício e cobre — são essenciais para a transição energética e a produção de tecnologias limpas, e por isso se tornaram alvo de disputa global. Segundo Lula, o Brasil precisa aproveitar esse momento estratégico para transformar sua matriz produtiva, gerar emprego, renda e garantir autonomia tecnológica.
“O povo brasileiro tem direito de usufruir das riquezas que essas coisas podem produzir. É simples assim”, resumiu.
Nesse contexto, o presidente defendeu o fortalecimento da educação técnica e superior como base da competitividade do país. “Não tem país do mundo que tenha se desenvolvido sem investir em educação”, disse, citando a criação de universidades e institutos federais como prioridades do governo.
A nova usina GNA II, inaugurada nesta segunda, reforça essa estratégia de soberania energética. Com 1,7 gigawatt (GW) de capacidade instalada, ela representa 10% da geração nacional de energia a gás natural e pode abastecer até 8 milhões de residências. A unidade integra o maior parque termelétrico a gás da América Latina, ao lado da GNA I, e mobilizou R$ 7 bilhões em investimentos, com mais de 10 mil empregos gerados. O projeto integra o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC).
Durante o evento, Lula também destacou o papel do Estado na criação de um ambiente estável e previsível para atrair investimentos. O governo e a empresa Gás Natural Açu (GNA) assinaram uma carta de intenções para expandir o mercado de gás natural e biometano, com potencial de atrair até R$ 20 bilhões em novos aportes.
Segundo Lula, o Brasil quer parceiros, não tutores. “Não queremos nada de ninguém, só queremos garantir que o que é nosso gere riqueza para o nosso povo”, concluiu.