Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) registraram, pela primeira vez no Brasil, formações geológicas conhecidas como “chaminés de fada”, estruturas que lembram torres com rochas arredondadas no topo. O local fica em uma propriedade rural no nordeste de Goiás, próximo à divisa com Bahia e Tocantins.
A geóloga Joana Paula Sánchez, professora do curso de Geologia da UFG, explica que as chaminés de fada são formadas por erosão diferencial, em que a camada inferior da rocha, mais macia, é desgastada, enquanto a camada superior mais dura protege o topo das colunas. Diferentemente de outras chaminés de fada conhecidas, que geralmente têm origem vulcânica, as de Goiás são sedimentares, formadas em um antigo leito de rio que atualmente está seco. Algumas das estruturas podem atingir até três metros de altura.
O local surpreende pela extensão e preservação: nunca foi utilizado para agricultura, pecuária ou turismo. Segundo Joana, os únicos que conheciam as formações eram o proprietário Domingos Ferreira da Silva e sua família.

A primeira visita da equipe de pesquisadores ocorreu em maio de 2023, envolvendo, além de Joana, as professoras Fernanda Canile e Débora Cavalcanti, e o professor Filipe Temporim.
Em setembro de 2025, o grupo retornou acompanhado por representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão que avalia a criação de uma unidade de conservação para proteger o local.
As chaminés de fada também são conhecidas como demoiselles, em referência às formas esguias e elegantes, e já são encontradas em locais como Capadócia (Turquia), Bryce Canyon (EUA) e Alpes franceses. A descoberta em Goiás se destaca pelo tamanho das estruturas e pela preservação, sendo inédita no país.
O local ainda não está aberto à visitação. Técnicos da Goiás Turismo estão avaliando a região para possíveis ações futuras de acessibilidade, sinalização e infraestrutura turística, respeitando a preservação científica da área. Um novo trabalho de campo está previsto para janeiro de 2026, utilizando drones com radar para mapear a extensão total das chaminés.
Com informações do Jornal UFG e Luiz Felipe Fernandes