O Brasil deu um passo decisivo rumo à autossuficiência na produção de medicamentos hemoderivados com a inauguração da nova planta industrial da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em Goiana (PE). A unidade, que recebeu investimento de R$ 1,9 bilhão, vai produzir medicamentos de alto custo a partir de plasma humano obtido por doações voluntárias em todo o país.
Com a operação, o país reduz a dependência de importações e fortalece a política pública de acesso gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A expectativa é que, até 2027, a Hemobrás fabrique integralmente seis tipos de hemoderivados: albumina, imunoglobulina, fatores de coagulação VIII e IX, complexo protrombínico e fator de Von Willebrand. Esses medicamentos são essenciais para o tratamento de queimaduras graves, hemofilias, doenças raras e pacientes em UTI, beneficiando mais de 30 mil pessoas com coagulopatias e milhões de brasileiros em outras condições clínicas.
Atualmente, parte do plasma coletado é processada no exterior, mas a nova planta permite fracionar, em quatro anos, até 500 mil litros por ano no território nacional. A inauguração dos blocos B02 (fracionamento) e B03 (envase e liofilização) marca o início da qualificação dos processos industriais, etapa exigida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para garantir a segurança e eficácia dos medicamentos.
Em 2024, a Hemobrás registrou recorde na entrega de 552 mil frascos de hemoderivados e 870 milhões de unidades internacionais de medicamentos recombinantes. Com a expansão, a fábrica também impulsiona o Complexo Econômico-Industrial da Saúde, gerando empregos qualificados e ampliando a capacidade tecnológica do país.
A produção nacional de hemoderivados representa um marco para a soberania sanitária brasileira, assegurando que tecnologias estratégicas permaneçam sob controle interno e que o SUS mantenha a oferta universal e gratuita desses medicamentos vitais.
*Com Agência Gov