A rigidez do expediente tradicional das 8h às 17h tem sido cada vez mais questionada por trabalhadores e especialistas em saúde e produtividade. Uma das propostas que ganha força nesse debate é o chronoworking, modelo que defende a adaptação da jornada de trabalho ao relógio biológico de cada pessoa.
O conceito parte da ideia de que o rendimento humano varia conforme o cronotipo — classificação que indica se alguém é mais produtivo no início, meio ou fim do dia. Segundo cientistas, esse ritmo é regulado pelo ciclo circadiano, uma espécie de relógio interno responsável por funções como sono, apetite e nível de alerta.
Home office
Com o avanço do trabalho remoto e dos modelos híbridos, impulsionados pela pandemia de Covid-19, mais profissionais passaram a experimentar horários flexíveis e perceberam melhor desempenho fora da rotina convencional. É nesse contexto que o chronoworking começou a ser debatido com mais seriedade.
Obstáculos
No entanto, a proposta ainda encontra barreiras nas estruturas organizacionais. Empresas mais tradicionais demonstram receio quanto à viabilidade prática do modelo, especialmente em relação à organização de equipes, prazos e reuniões. Uma possível solução seria a adoção de “janelas colaborativas” — horários comuns para interação entre os funcionários, conciliando flexibilidade e alinhamento.
A prática, ainda não regulamentada pela legislação brasileira, exige acordos internos claros entre empresas e funcionários. Segundo especialistas, o sucesso da iniciativa depende do respeito às normas previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como a limitação da jornada diária a 8 horas e o cumprimento de intervalos entre turnos.
Embora ainda não seja realidade para a maioria, o chronoworking diz respeito a uma mudança cultural que vem acontecendo: repensar o tempo de trabalho como uma variável individual e não apenas institucional.