Guerras revertem avanços climáticos, diz Lula em Belém

Presidente Lula disse que guerras levam a um “apocalipse climático”. Falou em Belém sobre a necessidade de uma transição energética justa.

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Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou, nesta sexta-feira (7), que conflitos armados como a guerra na Ucrânia interromperam os avanços na redução das emissões globais e colocam o planeta sob o risco de um “colapso ambiental”. O pronunciamento ocorreu durante a segunda sessão temática da Cúpula do Clima, em Belém (PA), que discute os desafios da transição energética e antecede a COP30, marcada para 10 a 21 de novembro na capital paraense.

“O conflito na Ucrânia reverteu anos de esforços para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e levou à reabertura de minas de carvão. Gastar com armas o dobro do que se destina à ação climática é pavimentar o caminho para o apocalipse climático. Não haverá segurança energética em um mundo conflagrado”, afirmou Lula, em discurso diante de chefes de Estado e autoridades internacionais.

A Cúpula do Clima reúne líderes como o secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, além de representantes de países africanos, latino-americanos e asiáticos. O encontro busca atualizar compromissos multilaterais e preparar o terreno político e técnico para a COP30, que será a primeira conferência climática da ONU sediada na Amazônia.

Lula destacou que, apesar dos avanços na transição energética global, a desigualdade ainda impede que países pobres e em desenvolvimento participem plenamente do processo. Segundo ele, mais de 2 bilhões de pessoas não têm acesso a combustíveis adequados para cozinhar, 660 milhões dependem de lamparinas e geradores a diesel, e 200 milhões de crianças estudam em escolas sem energia elétrica.

“Sem energia, não há conexão digital, hospitais funcionando nem agricultura moderna. A transição precisa ser justa, inclusiva e solidária”, declarou o presidente.

O chefe de Estado também criticou o sistema financeiro internacional, que, segundo ele, “continua financiando a destruição climática”. Lula citou que, apenas em 2023, os 65 maiores bancos do mundo destinaram US$ 869 bilhões ao setor de petróleo e gás.

“Desde o Acordo de Paris, a participação dos combustíveis fósseis na matriz energética global caiu de 83% para apenas 80%. É um avanço tímido, quase nulo diante da emergência que enfrentamos”, afirmou.

Para enfrentar o desequilíbrio, o presidente anunciou a criação de um fundo nacional que destinará parte dos lucros do setor de óleo e gás a investimentos em energia renovável, especialmente solar e eólica. O objetivo, disse ele, é promover uma transição justa e financiar medidas de mitigação climática nos países do Sul Global.

“Direcionar parte dos lucros com a exploração de petróleo para a transição energética é um caminho válido e necessário. O Brasil vai criar um fundo para financiar o enfrentamento da mudança do clima e garantir justiça climática”, disse Lula.

O presidente encerrou o discurso com um apelo à implementação dos compromissos da COP28, realizada em Dubai, que prevê triplicar a capacidade global de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030. Ele também pediu que todos os países incluam a eliminação da pobreza energética como meta central de seus planos climáticos.

“Os cientistas já cumpriram seu papel. Agora cabe a nós, líderes, decidir se o século 21 será lembrado como o século da catástrofe climática ou como o momento da reconstrução inteligente”, concluiu.

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