Entre imperfeição e beleza: por que Assassin’s Creed Unity continua inesquecível

Mesmo após uma década, sistema de parkour e ambientação ainda impressionam

Compartilhe

AC Unity – Lucas Caetano

Por que analisar Assassin’s Creed Unity, um jogo de 2014, em plena era de Assassin’s Creed Shadows? A resposta é simples: Unity ocupa um lugar especial na minha lista de jogos que zerei várias vezes. Foi o primeiro título da franquia que realmente me fisgou, despertando uma vontade genuína de jogar sem parar. 

Minha experiência começou com Black Flag, mas, ao contrário da maioria, ele não me cativou. Mesmo tentando novamente no PC, o queridinho de muitos — que até ganhará um remake — não me atraiu. É irônico, pois Unity, com seu cenário na Revolução Francesa (que considero o período perfeito para a franquia), provavelmente nunca receberá o mesmo tratamento. No fim, é questão de gosto, e Unity, sem clichês, é um caso único. 

Lançado em novembro de 2014 exclusivamente para a então nova geração (PlayStation 4 e Xbox One) e desenvolvido em paralelo com AC Rogue — com quem partilha um crossover interessante —, Unity chegou cercado de expectativas. O trailer ao som de “Everybody Wants to Rule The World” na voz de Lorde prometia uma revolução. O resultado, no entanto, foi um fiasco técnico. 

Alguns bugs persistem

Os inúmeros bugs, corrigidos meses depois, mancharam sua reputação. Some-se a isso as quedas de frames (framerate), especialmente nas multidões. Essas multidões, aliás, eram a grande inovação: era impossível retratar a Revolução Francesa sem milhares de NPCs nas ruas, mas o hardware da época sofreu para dar conta. 

A história também dividiu opiniões. Arno Victor Dorian pode não ter a simpatia de Ezio Auditore, mas certamente tem carisma — e uma excelente dublagem nacional de Alexandre Drummond (a primeira voz de Timmy Turner). Antes de ser um Assassino, Arno é um humano movido pela vingança contra o homem que matou seu pai adotivo, um Templário. Sua jornada é complicada por sua paixão por Elise, sua irmã adotiva, o que o leva a tomar decisões questionáveis por estar “cego” de amor. Pessoalmente, defendo o personagem; suas falhas o tornam mais crível. E, convenhamos, só o fato de Arno não ser irritante como Jacob Frye (AC Syndicate) já é uma vitória. O elenco de apoio também brilha, com destaque para Elise e o mentor Pierre Bellec, ambos memoráveis. 

No gameplay, Unity acerta na simplicidade. O combate é direto e bem executado, livre das mil habilidades/aptidões dos RPGs de ação que a franquia adotou a partir de Origins. A história é linear e sem escolhas de diálogo, algo que hoje pode parecer restritivo, mas que eu aprecio por manter o foco narrativo. É a velha fórmula da vingança e entrada na Ordem; muitos criticam essa repetitividade, mas reclamam quando a série se afasta dela (como em Valhalla). 

O multiplayer cooperativo foi outro acerto que ajudou a salvar o jogo — quem que se considera gamer e não se lembra do vídeo “Le Noob Brotherhood” do Jovem Nerd? 

Mas o verdadeiro trunfo de Unity é sua ambientação. A Ubisoft recriou a Paris de 1789 como nenhum outro estúdio. As construções são magníficas: a Notre Dame é detalhada ao extremo, o Panteão é imponente, os cidadãos são guilhotinados e os interiores são ricamente ambientados. Até a sincronização, antes uma tarefa banal, virou um evento, revelando a Paris esplêndida ao som de uma trilha sonora igualmente magnífica. 

O jogo ainda nos brinda com figuras históricas como Napoleão Bonaparte e Robespierre. E, entre as missões, destaco um assassinato específico: a oportunidade de se infiltrar na fila da guilhotina, disfarçado entre os condenados, para se aproximar do alvo. É um design de missão muito interessante. Infelizmente, o vilão principal da trama é o oposto: tão discreto que se torna completamente esquecível. 

Mesmo na versão de PC (que adquiri gratuitamente no finado Uplay após uma ação feita pela Ubisoft após o incêndio na Notre Dame em 2019), que ainda sofre com texturas lentas para carregar e uma baixa distância de renderização, a beleza do mundo é inegável. E talvez o ponto mais ato que temos foi o então novo sistema de parkour, o qual até hoje a Ubisoft não conseguiu melhorar nos outros títulos da franquia. Eu consegui passar raiva com parkour em Shadows, algo que nunca enfrentei em Unity.

No título que cobre 1789, é difícil achar algo mais satisfatório do que poder fazer uma descida controlada e precisa dos pontos altos, ainda mais quando a descida envolve balançar em cordas (na horizontal) ou estruturas que produzam um efeito igual. A fluidez, o foley de todo esse processo (ou sonoplastia, para que quem não conhece por esse primeiro nome) são só alguns dos elementos que fazem a experiência ser maior do que as questões negativas do game.

Apesar de todos os problemas de seu lançamento e das falhas que persistem, Assassin’s Creed Unity é um título que, em 2025, ainda vale (e muito) a pena ser jogado. 

Recentes
CPMI do INSS convoca governador Romeu Zema (MG) para depor sobre esquema de consignados
CPMI do INSS convoca governador Romeu Zema (MG) para depor sobre esquema de consignados
Justiça · 14h
TRT mantém condenação por câmera em vestiário em GO
TRT mantém condenação por câmera em vestiário em GO
Goiás · 15h
Receita Federal alerta para falsas cobranças por WhatsApp e SMS
Receita Federal alerta para falsas cobranças por WhatsApp e SMS
Economia · 16h
CBF marca testes contra França e Croácia para março
CBF marca testes contra França e Croácia para março
Esportes · 17h
Mais do PortalGO
Guia do Fim de Semana: Última rodada do Brasileirão, F1 e esportes globais
Última rodada do Brasileirão, GP de Abu Dhabi que decide o campeão da F1, Final da Copa do Mundo de Futsal feminino e mais. 06 dez 2025 · Esportes
Inep divulga gabarito do primeiro dia do Enem no PA
Inep liberou gabarito do primeiro dia do Enem 2025 em Belém, Ananindeua e Marituba (PA). Candidatos fazem última prova no domingo (7) 05 dez 2025 · Educação
Foto: FIFA
Copa 2026: Brasil encara Marrocos, Escócia e Haiti no Grupo C
Grupo do Brasil na Copa 2026 tem Marrocos, Escócia e Haiti. Caminho no mata-mata pode levar a confrontos pesados com Inglaterra e Argentina. 05 dez 2025 · Esportes
Foto: Luiz Silveira/STF
Financial Times elege Moraes uma das pessoas do ano
FT elegeu Alexandre de Moraes uma das pessoas do ano. O jornal destaca seu papel como “símbolo de democracia” após o 8 de janeiro. 05 dez 2025 · Mundo
Mega fusão: Netflix compra estúdios da Warner Bros.
Netflix compra divisão de streaming e estúdios da Warner Bros. Discovery. Negócio de US$ 72 bi cria gigante da mídia; HBO Max será integrada. 05 dez 2025 · Notícia
Foto: Estúdio Podcast Goiás
José Délio, prefeito com foco em resultados e dedicação à política 24h por dia, é o convidado do ‘Quem Vai Ganhar’
Episódio reúne avaliação administrativa e bastidores da AGM 05 dez 2025 · Quem vai ganhar?
Foto: Hegon Corrêa
Daniel Vilela aparece à frente na disputa pelo governo de Goiás, aponta pesquisa
Vice-governador lidera cenário com 27,8% das intenções de voto 05 dez 2025 · Goiás
Fotos: Divulgação
Pirenópolis mantém cachoeiras abertas com segurança no período chuvoso
Fenômenos como tromba d’água exigem atenção redobrada dos visitantes 05 dez 2025 · Turismo
Fotos: SMS
Goiânia inicia vacinação contra bronquiolite para gestantes a partir da 28ª semana
67 unidades aplicam o imunizante em Goiânia 05 dez 2025 · Saúde
Reprodução
Aeronave é evacuada após equipamento de solo pegar fogo em Guarulhos
Latam realocou clientes e diz que não houve feridos 05 dez 2025 · Brasil