As festas juninas, origem e encanto

As festas juninas celebram a cultura, a fé e os sabores do Brasil com tradição, alegria e encontros de família.

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Tradição, fé e alegria marcam as festas juninas, com quadrilhas, fogueiras e comidas típicas que celebram a cultura popular brasileira. Foto: Freepik
Tradição, fé e alegria marcam as festas juninas, com quadrilhas, fogueiras e comidas típicas que celebram a cultura popular brasileira. Foto: Ministério do Turismo.

Junho, mês das festas juninas

Junho é o mês das festas juninas. Lembra fogueira, dancinha, quadrilha, quentão, uma cachacinha de alambique, pipoca, milho assado, pé de moleque, mané pelado, arroz doce, bolo de fubá, batata assada, broa, paçoca, canjica; lembra uma sanfoninha manhosa, foliões fantasiados a caráter, mulheres sorridentes usando vestidos de chita…

Esta é a nossa cultura. E se a cultura de um povo é a cara desse povo, então esta é a cara dos goianos!… Esta é a nossa cara!…

Há várias definições para a origem das Festas Juninas. Uma delas esclarece que tais festejos surgiram nos países de origem católica e foram introduzidos para comemorar os dias do calendário dedicados a Santo Antônio, São João e São Pedro, que são todos festejados no mês de junho. Antigamente, o termo “Festa Junina” era denominado “Festa Joanina”, em homenagem a São João. Mas hoje, de acordo com o bom goianês, é “Festa Junina memo!”.

As festividades vieram para o Brasil através da colonização dos portugueses. Na época, ocorria certa miscigenação da cultura portuguesa, chinesa, espanhola e francesa, fato que de certa forma explica algumas tradições encontradas nas Festas Juninas. Da França veio a dança com passos marcados, o que influenciou as quadrilhas brasileiras; da China surgiu a tradição dos fogos de artifício, região onde teria surgido a manipulação da pólvora; e da Península Ibérica teria vindo a dança de fitas, comum em Portugal e Espanha. Com o tempo, no entanto, todas essas importações culturais sofreram transformações significativas, influenciadas pela cultura brasileira.

Houve um tempo em que as festas juninas eram a grande atração dos admiradores de uma diversão sadia, assim como dos devotos fiéis a Santo Antônio, São João e São Pedro. A fé mostrava-se presente nos atos fervorosos dos participantes. Rezava-se o terço e facultava-se aos pretendentes a apresentação dos pedidos para casamento, feitos com fervor ao santo casamenteiro (Santo Antônio). A queima de fogos e as fogueiras davam um colorido especial ao aconchego dos convivas. Em torno das fogueiras aconteciam com reverência e respeito os batizados juninos, regados a licor, quentão, batata assada e tantas outras iguarias deliciosas, como pratos diversificados e bebidas típicas. Tudo em clima de muita alegria e animação. Por fim, vinha a dança da quadrilha, com muito alarde, muita brincadeira e muita alegria.   

Consistia o batizado de fogueira em, primeiramente, escolher o padrinho ou madrinha ou ambos. O batizando podia escolher livremente os seus padrinhos ou madrinhas. Em seguida, afilhado e padrinhos circulavam a fogueira de mãos dadas três vezes. E cada vez que passava pelo local de início paravam e rezavam um Pai Nosso e uma Ave Maria, acompanhados da frase determinante pronunciada pelos padrinhos: “Fulano(a), eu(nós) te batizo(amos) em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. No final das três voltas, estava consumado o ato. Todos paravam, e os padrinhos diziam: “Agora você está batizado. Agora sou(ou somos) seu(s) padrinho(s) ou sua madrinha! Pode pedir bênção!”

A dança da quadrilha

Outro ponto de grande destaque era a quadrilha, uma contradança de origem holandesa, com influência portuguesa, da ilha de Açores, e também inglesa, alcançando o seu apogeu na França, no século XVIII, onde recebeu o nome de “cachorreira”, tornando-se popular nos salões aristocráticos e burgueses em todo o mundo ocidental. 

No Brasil, a quadrilha foi originalmente chamada de “Quadrilha de Arraiais” e era parte das comemorações chamadas de festas juninas. Um animador vai pronunciando frases enquanto os demais participantes, geralmente em pares, acompanham com movimentação integrada, no sentido militar, colonial.

A quadrilha foi trazida para o Brasil durante o período colonial, em 1530, por iniciativa do aparato Militar da época, e fez bastante sucesso nos salões brasileiros a partir do século XIX, principalmente no Rio de Janeiro, a partir de 1808, sede da Corte. Depois desceu as escadarias do palácio e caiu no gosto popular, que modificou suas evoluções básicas e introduziu outras mais, alterando inclusive a musicalidade.

A sanfona (Acordeon, campestre), o triângulo (aste de ferro em forma de triângulo e um bastão do mesmo material, instrumento de percussão metálico) e a zabumba (Tambor de grande dimensão em raio e de pouca altura, origem Militar) são os instrumentos musicais que em geral acompanham a quadrilha. Também são comuns a viola (violão, campestre), a chamada rabeca (o violino, campestre) e o pandeiro (instrumento musical).

Na cidade da minha juventude, Jucão e Iracy formavam o casal de frente da animada dança. Ele, o instrutor e o marcador da quadrilha. O ambiente era saudável e festivo. Havia muito ensaio, obediência e disciplina. Zico Félix puxava o fole e Jucão bradava: “Caminho da roça!”, “Olha a chuva!”, “A ponte caiu!”, “Tem formiga”, “É mentira!” e assim por diante.

O ponto alto da festança era o casamento caipira, com a participação do Prof. Maurillo de Souza, Ivani Roriz, Gambirão e outros, em que o noivo conduzia debaixo do braço um pinto inquieto e cheio de cocoricó, que dava o que fazer para o padre convencê-lo a casar sem o tal pinto, pois, com o pinto, o padre afirmava que não fazia o casamento.

– Aqui não é permitido entrar com nenhum pinto debaixo do braço! – bradava o padre.

– Pois sem o pinto eu num caso! – protestava o noivo.

Indagada sobre o impasse, a noiva nada respondia, só chorava escandalosamente, levando o povo a interferir no entrevero, opinando pra deixar o noivo casar assim mesmo, segurando o pinto, fato que fazia a noiva parar de chorar imediatamente, comprovando que somente o povo entendia o sentimento e os desejos da noiva.

Festa junina – Encontro de família

Tem-se, por derradeiro, que as Festas Juninas do passado eram caracterizadas e timbradas como Encontros de Famílias. Pais, filhos, avós e netos se encontravam para as celebrações festivas. Muita alegria, muito respeito, muita confraternização, tudo dentro de um aparato e de um ambiente de respeito e de consideração com todos os presentes.

Verdade que família é como um barco no mar tempestuoso deste mundo. Quando todos remam juntos, com amor e cooperação, ela sempre chega ao cais da felicidade. Uma família feliz é um refúgio que prevalece de pé, mesmo quando as maiores tempestades passam devassando tudo.

Boas festas a todos!… Divirtam-se!…

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