O vice-governador de Goiás, Daniel Vilela (MDB), mantém a discrição no cargo mas age cada vez mais como titular do governo.
Ao mesmo tempo, é visto também cada vez mais como candidato natural e favorito à reeleição, embora só em abril do ano que vem vá assumir o lugar do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), como anunciado pelo próprio governador.
O primeiro movimento é calculado, para complementar as ações de Caiado, que tem outro foco mais urgente e reluzente na agenda: a viabilização da candidatura a presidente da República.
Ainda mais agora, impulsionado pela fusão entre União Brasil e PP e a definição de seu nome como pré-candidato oficial do grupo.
O segundo movimento é previsto no manual da perspectiva de poder. Daniel reúne, além do cargo, outras forças de atração, como o partido e aliados no comando de prefeituras-chave, com colégios eleitorais poderosos: Anápolis e Aparecida de Goiânia.
O MDB é a casa dos ex-governadores Iris Rezende e de seu pai, Maguito Vilela. Ambos, referência para seu futuro. A filha de Iris, Ana Paula Rezende, é uma de suas interlocutoras hoje.
Daniel foi criado no ambiente das articulações e das campanhas. Está amadurecido, como enfatizou o secretário de Infraestrutura e ex-prefeito de Catalão, Adib Elias, em recente entrevista na Rádio Sucesso.
O posicionamento de Adib tem valor histórico. Ele tem lugar de destaque na construção do MDB. Enfrentou internamente, com maior ou menor intensidade, as autoridades de Iris, Maguito e do próprio Daniel.
Quando ele afirma que o vice está pronto para governar Goiás, mostra que está convencido de sua liderança e de que no momento o mais estratégico é o partido voltar ao Palácio das Esmeraldas.
Caiado chegou ao Senado e, depois, ao governo com suporte de Iris, de Adib – seu coordenador de campanha em 2018 – e de uma parcela considerável dos emedebistas.
O gesto de agora, abrindo espaço para a ascensão de Daniel, é fator pragmático para seu projeto nacional, mas também política de retribuição e construção de alianças que ligam passado e presente: adversários um dia, aliados em outro, olhando para o futuro.
O favoritismo de Daniel dá-se nos detalhes. Nas lições do tempo recente, que tem como marco principal a derrota para o PSDB de Marconi Perillo – que já se lançou novamente pré-candidato ao governo -, em 1998, e nos vislumbres do futuro.
Com movimentos sincronizados, Caiado e Daniel podem definir o ciclo político de Goiás que termina justamente com o atual governador e abre-se para lideranças ainda não estabelecidas e polarizações potenciais desconhecidas.
Ganhar ou perder em 2026 será mais do que ganhar ou perder uma eleição. O que estará em disputa não é o passado ou o presente apenas, mas o futuro. Quem, ou qual grupo, comandará a política goiana daí em diante.