Os números divulgados recentemente pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) confirmam uma tendência positiva e, ao mesmo tempo, um alerta importante. O Brasil chegou a 710.875 jovens contratados como aprendizes em setembro — o sétimo recorde consecutivo desde o início da série histórica, em 2020. Esse dado mostra que a política pública de aprendizagem vem amadurecendo, especialmente após a regulamentação da Lei nº 10.097/2000, em dezembro de 2023, que consolidou a obrigatoriedade de contratação de aprendizes por empresas médias e grandes.
Mais do que uma estatística, esse resultado representa oportunidades reais de transformação social. Em apenas 20 meses, o número de jovens contratados cresceu cerca de 30%. Isso significa que milhares de adolescentes e jovens entre 14 e 24 anos têm hoje uma porta de entrada concreta para o mundo do trabalho. Ao mesmo tempo, o desemprego nacional caiu de 7,4% para 5,6%, evidenciando que a inserção de novos talentos também contribui para um ambiente econômico mais dinâmico e sustentável.
Entretanto, os desafios permanecem. O salário médio dos aprendizes caiu de R$ 955, em julho, para R$ 920 em setembro. Embora o valor ainda esteja acima do registrado no início da série, o recuo demonstra a necessidade de reforçar o compromisso com a valorização do jovem trabalhador. Não basta garantir a vaga; é preciso oferecer condições dignas e aprendizado de qualidade.
Nesse cenário, o papel das instituições formadoras é fundamental. O IPHAC, ao longo dos últimos anos, tem se consolidado como uma dessas pontes entre juventude e mercado de trabalho. Por meio de programas de aprendizagem e qualificação profissional, o Instituto promove a inclusão produtiva de jovens que, muitas vezes, enfrentam vulnerabilidades sociais e educacionais.
Milhares de jovens jovens participaram de formações oferecidas pelo IPHAC em diversas regiões do país nos últimos anos. São cursos voltados para o desenvolvimento de competências técnicas e socioemocionais, alinhados às demandas do setor produtivo. A experiência mostra que, quando o jovem tem acesso a oportunidades e orientação, ele se torna protagonista do próprio futuro e contribui para o crescimento coletivo.
A Lei da Aprendizagem é um dos instrumentos mais poderosos para combater o desemprego juvenil, reduzir desigualdades e formar profissionais éticos, conscientes e preparados para os desafios contemporâneos. No entanto, o sucesso dessa política depende da responsabilidade compartilhada entre governo, empresas e instituições qualificadoras.
As empresas cumprem papel essencial ao abrir suas portas. O Estado, por sua vez, precisa manter a fiscalização ativa e investir em políticas de estímulo. Já as organizações da sociedade civil, como o IPHAC, atuam diretamente na formação e no acompanhamento desses jovens, garantindo que o contrato de aprendizagem se transforme, de fato, em um ciclo de aprendizado e desenvolvimento.
A inserção produtiva da juventude não é apenas uma obrigação legal — é um investimento social com retorno garantido. Cada jovem contratado representa uma história de superação, um passo a mais rumo a um Brasil mais justo e preparado para o futuro.
Por isso, é fundamental que o país continue fortalecendo a cultura da aprendizagem profissional. Ao integrar educação, trabalho e cidadania, promovemos não apenas empregos, mas trajetórias de vida com propósito.
Valdinei Valério é presidente do Instituto Promover (IPHAC)









