Na noite de 21 de dezembro de 1988, o Voo Pan Am 103, operado por um Boeing 747-121, decolou do Aeroporto de Heathrow, em Londres, com destino a Nova York. Entre os 259 ocupantes estavam passageiros e tripulantes de diversos países, incluindo 189 cidadãos estadunidenses. Menos de 40 minutos após a decolagem, sobre a cidade escocesa de Lockerbie, a aeronave explodiu no ar, matando todos a bordo e 11 pessoas em terra. O episódio é considerado como um dos atentados mais chocantes da história da aviação civil.
A investigação
O atentado motivou uma das maiores investigações já realizadas no Reino Unido, conduzida pela polícia de Dumfries e Galloway com apoio do FBI. As apurações identificaram que a explosão foi causada por uma bomba de plástico Semtex, escondida dentro de um gravador de rádio cassete colocado em uma mala despachada. A detonação destruiu a fuselagem do avião, provocando a queda sobre a cidade de Lockerbie.
Após três anos de investigação, foram emitidos mandados de prisão contra Abdelbaset al-Megrahi, oficial de inteligência da Líbia, e Lamin Khalifah Fhimah, gerente da Libyan Arab Airlines em Malta. Ambos foram acusados de assassinato e conspiração para cometer assassinato.
O julgamento ocorreu em um tribunal escocês na Holanda, especialmente estabelecido para lidar com o caso internacional. Em 2001, Al-Megrahi foi condenado à prisão perpétua, enquanto Fhimah foi absolvido. Em 2009, Al-Megrahi foi libertado por motivos de saúde.
Motivação do atentado
O ataque foi planejado por operativos da inteligência líbia e é amplamente reconhecido como um ato de terrorismo, motivado como retaliação aos bombardeios norte-americanos em Trípoli e Bengazi, em 1986. O atentado foi planejado para punir os Estados Unidos e enviar uma mensagem internacional de intimidação.
Simulação do acidente
O extinto National Geographic, por meio da série Air Crash Investigation (ou Mayday Desastres Aéreos) tem um episódio dedicado ao caso.
Mudanças na segurança
O atentado levou a mudanças significativas nas normas de segurança em aeroportos e companhias aéreas. Foram reforçados os procedimentos de inspeção de bagagens despachadas, com maior uso de scanners de raios-X e detectores de explosivos.
A rastreabilidade de malas e cargas foi aprimorada, e protocolos internacionais de cooperação antiterrorismo foram intensificados. Além disso, companhias aéreas passaram a exigir maior rigor na identificação de passageiros e na triagem de itens transportados, reduzindo drasticamente o risco de atentados semelhantes.
Desdobramentos recentes
Em 2020, Abu Agila Mas’ud Kheir Al-Marimi, ex-oficial de inteligência líbio, foi acusado de construir a bomba que destruiu o voo. Ele foi extraditado para os Estados Unidos em 2022, onde aguarda julgamento por acusações federais, evidenciando que a busca por justiça continua décadas após a tragédia.
Legado
O atentado de Lockerbie teve um impacto profundo na segurança aérea global e na forma como o terrorismo é investigado internacionalmente. Nos Estados Unidos, as famílias lamentaram as 189 mortes, e grupos de apoio às vítimas foram criados. Em Lockerbie, o Jardim da Memória no Cemitério de Dryfesdale homenageia as vítimas, enquanto o Lockerbie Cairn, no Cemitério Nacional de Arlington, nos EUA, reúne 270 blocos de arenito, um para cada vida perdida.
Décadas depois, o episódio permanece como um marco sombrio na história da aviação e do terrorismo internacional, lembrando que a busca por justiça e responsabilização continua.