Especialistas em vigilância epidemiológica e pesquisadores da Fiocruz reúnem-se nesta quarta-feira, 10 de dezembro, em Aparecida de Goiânia, para definir as diretrizes operacionais do Método Wolbachia na região. O encontro técnico, que acontece na sede da Secretaria Municipal de Saúde, marca uma etapa importante para o início da soltura de mosquitos com a bactéria capaz de inibir a transmissão de arboviroses.
A estratégia visa o controle biológico do Aedes aegypti. A implementação em Aparecida prevê a cobertura de 25 bairros, impactando diretamente uma população estimada em 295 mil moradores. Além das autoridades locais, a reunião conta com equipes de controle de vetores de Trindade e Anápolis, sinalizando uma articulação regional no combate à doença, além de representantes da “Wolbito Brasil” e da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Entenda a tecnologia
Diferente de métodos químicos como o “fumacê”, o Projeto Wolbachia aposta na substituição gradual da população de vetores. O método consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti que carregam a bactéria Wolbachia. Este microrganismo, intracelular e presente naturalmente em 60% dos insetos do mundo, bloqueia a capacidade do mosquito de transmitir os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela.
Ao serem soltos no ambiente urbano, esses mosquitos — apelidados de “Wolbitos” — se reproduzem com os mosquitos selvagens locais. Como a bactéria é transmitida maternalmente (da fêmea para os ovos), cria-se, ao longo do tempo, uma nova população de insetos incapazes de disseminar as doenças. É importante ressaltar que não se trata de transgenia; o método apenas introduz uma bactéria natural no vetor.
Eficácia e segurança
A tecnologia é chancelada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e já opera em 14 países. No Brasil, o método completa mais de uma década de testes e aplicações. O caso de maior sucesso nacional ocorreu em Niterói (RJ), cidade pioneira na implementação massiva, que registrou uma queda de 88% nos casos de dengue após o estabelecimento da colônia de mosquitos com Wolbachia.
A reunião desta quarta-feira deve alinhar a logística de liberação e o monitoramento das áreas alvo. A expectativa é que, uma vez estabelecida a população de Wolbitos, a proteção seja autossustentável, reduzindo drasticamente a dependência de inseticidas e as internações por arboviroses no sistema público de saúde.







