Fusão com o Podemos e federação com o Solidariedade. Este é o plano do PSDB para voltar ao jogo, informa longa reportagem do jornal Folha de S. Paulo do dia 19 de abril. Em Goiás, voltar ao jogo tem sido um pesadelo para os tucanos.
Se antes a mais expressiva liderança do PSDB era o ex-governador atual presidente nacional da sigla, Marconi Perillo, hoje o nome que tem espaço na mídia e mostra sintonia com a população é o de uma vereadora de Goiânia, Aava Santiago.
Aava tem conseguido fazer o que Marconi Perillo não consegue: ter um discurso de oposição e chamar a atenção para esse discurso e também para uma agenda que bate com a pauta que ocupa espaços na disputa pelo poder.
Marconi Perillo tem tentado fazer oposição ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Mas, por enquanto, seu discurso é centrado na lembrança de seus feitos – ou seja, no passado – e na repetição de pautas da imprensa, que cita na expectativa de desgastar o governador.
A ironia é que Marconi tem feito o que seus aliados diziam que o ex-governador e ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende, fazia. Diziam também que era exatamente esse o erro de Iris, o que justificava derrotas dele para o tucano nas disputas pelo governo.
O erro: olhar para traz. Não apontar alternativa. Não estar sintonizado com os tempos atuais, nem na forma – estratégia de comunicação -, nem no conteúdo: um discurso que, ao mesmo tempo, mostre a realidade e inspire sonho.
Coisas que ganham eleição. Coisas que Aava Santiago tem feito na Câmara. Outra ação dela é o posicionamento definido: contra Bolsonaro, a favor do presidente Lula. Muito diferente da tradição do PSDB, que é ficar em cima do muro.
E é exatamente nesse rumo que o partido pretende seguir: ser alternativa, terceira via, e lançar um candidato a presente. Pode dar certo seguir apenas no centro, contra quem anda pelos lados direito e esquerdo.
A questão é que nesse campo há mais partidos interessados, como o PSD de Gilberto Kassab, o MDB, o União Brasil, o PP e o Podemos, que por sinal tem um nome/candidato que junta vários desses aí, e quem sabe o PL, o polo oposto ao PT: o do governador de Sao Paulo, Tarcísio de Freitas.
Em Goiás, onde o PSDB está isolado nas articulações, alianças com esses partidos é um desafio e tanto para Marconi Perillo, que sempre tem como grande trunfo atrativo a história com o deputado federal mineiro Aécio Neves. Velhos e leais aliados.
Também entra na conta do desafio levar o Podemos do deputado federal Glaustin da Focus, da base do governo, para a oposição a Caiado. Ou o Solidariedade para uma posição de confronto com o governador ou os líderes bolsonaristas.
Aava Santiago tem indicado que pretende ser candidata a deputada federal. E que pode sair do PSDB. O outro vereador da sigla em Goiânia, Tião Peixoto, é pai do presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto, que está no União Brasil e fala em ir para o Avante.
Bruno acena para o Avante, e foi lembrado semana passada para a vice de Daniel Vilela, vice-governador, presidente do MDB e desde já candidato à reeleição como governador, pois Caiado avisou que renunciará em abril do ano que vem.
Seja na vice, seja como candidato a federal, Bruno vai para a oposição? Vai, por exemplo, juntar-se a Marconi, que é pré-candidato a governador contra Daniel/Caiado? O que provoca outra pergunta: quem vai ficar com Marconi Perillo?
Questionado sobre de que lado ficaria caso o filho virasse vice de Daniel, Tião Peixoto deixou claro: do lado do filho. São muitos os aliados de outrora de Perillo que hoje estão longe dele. Para aliados, um alívio, pois significa renovarção. Na prática, porém, os espaços de articulação estão menores.
O projeto do PSDB é uma busca de renascimento no País e em Goiás, onde governou por quatro mandato, foi uma grande e hoje é um partido pequeno. Se será grande outra vez, só o tempo dirá. Por enquanto, a questão é: com Podemos e Solidariedade, de que tamanho fica no Estado?
Marconi pode ser aquele que fará o PSDB ressurgir das cinzas ou o que apagará a luz com o fim do partido. Será, depois, coadjuvante ou protagonista da nova legenda? O primeiro passo será descer do mudo das lamentações.