Durante o fim de semana, poucos assuntos repercutiram tanto quanto uma polêmica envolvendo chinelos e pés. A atriz Fernanda Torres protagonizou um novo comercial para a Havaianas e, por incrível que pareça, conseguiu causar a “ira” de um certo pessoal.
A fala foi polêmica? De forma alguma. A ideia da propaganda era simples: em vez de começar o ano apenas com o pé direito, que tal começar com os dois de uma vez? É aquela expressão clássica que todo mundo conhece, incentivando a galera a entrar no ano novo com tudo.
Não foi uma fala que excluiu o pé direito, apenas o juntou com o outro. Mas essa união foi o suficiente para deixar muita gente se mordendo.
Interpretação passou longe
O problema é que interpretação de texto não foi o forte desse pessoal. Eles levaram a expressão como uma provocação ideológica direta. É o puro reflexo dessa polarização idiotizante que vivemos, onde se cria “inimigos imaginários” até em propaganda de chinelo.
Como é preciso dar nome aos bois: o grupo que se sentiu ofendido foi o bolsonarista. No vídeo, Fernanda apenas brinca com a metáfora para incentivar uma postura ativa e integral diante dos desafios. Mas, para quem já está “mordido” por si mesmo, qualquer palavra vira motivo de ofensa.
É um pouco ingênuo pensar que uma marca que faz parte do imaginário brasileiro vá querer comprar uma briga política à toa. Ainda mais em um período como Natal e Ano Novo.
Hashtag e vídeo fora do ar
Qualquer pessoa que acompanha a carreira da Fernanda Torres sabe do posicionamento dela, mas ali ela é uma atriz seguindo um roteiro. Mesmo assim, influenciadores conservadores subiram a hashtag #HavaianasNoLixo, com vídeos de gente jogando chinelo fora e pedindo boicote.
O resultado dessa pressão toda? A Havaianas acabou tirando o vídeo do ar. Até agora, a marca não soltou nota oficial explicando o motivo e a atriz também seguiu em silêncio. No fim das contas, fica o registro de como o ambiente digital está tão sensível que nem um desejo de ano novo passa ileso pelo filtro da política.
A interpretação foi levada para o lado ideológico, transformando uma mensagem de ‘pé na porta’ em um campo de batalha nas redes.








