Ronaldo Caiado tomou posse no governo de Goiás em 2018 com uma convocação simples, porém emblemática: “Somos Todos Goiás.”
Convocação porque a frase não era uma constatação estética. Era uma celebração da vitória e um chamado para um mutirão, ao seu modo.
A campanha foi dura. Ele sofreu ataques que falavam de sua suposta incapacidade para governar (ele é do Legislativo, diziam) e que gritavam longe no histórico de sua família com fama de coronéis na política.
“Somos todos” era uma ode à união. E o propósito não era ele ou sua família, mas… Goiás.
Na época ele já estava ajustado no tempo com um adversário de décadas: o emedebista Iris Rezende Machado.
Os dois estiveram em campos opostos na histórica derrota irista de 1998 para Marconi Perillo, Caiado, Lúcia Vânia, Roberto Balestra e outros.
E estiveram juntos em 2014, na derrota de Iris novamente para o tucano Marconi. Nessa eleição, Caiado foi eleito senador, e em vez de ficar quieto na vitória, foi para as ruas no segundo turno com Iris.
Chegou a prometer ser secretário de Segurança caso Iris ganhasse. Iris não ganhou, mas Caiado ganhou ainda mais respeito do velho emedebista e de sua família.
Em 2018, Iris não apoiou Caiado ao governo, porque o MDB tinha candidato: Daniel Vilela, filho do ex-governador Maguito Vilela, já histórico no mesmo partido.
A derrota do MDB fez o partido completar duas décadas longe do poder, e sendo derrotado por Marconi e seu PSDB.
Iris era prefeito de Goiânia. Quarta vez gestor da Capital. Provavelmente decidido a não disputar o quinto mandato – pesquisas depois mostrariam largo favoritismo seu –, o que fez: iniciou um movimento de aproximação do MDB com Caiado, que iria à reeleição em 2022.
A aproximação foi consumada no final de 2021, com ele ainda vivo. Daniel foi anunciado vice de Caiado. Obra derradeira do Iris jogador de xadrez político.
Mas não foi só ele que jogou xadrez. Caiado também mexeu as pedras, juntos.
Iris pensava no futuro do MDB no poder logo, em 2026, o que vai acontecer quando Caiado renunciar e Daniel assumir.
Caiado visualizava um Estado pacificado e unido em torno de seu nome para um outro salto: a disputa pela Presidência da República.
Caiado, pode se dizer, planeja isso desde algum momento antes de se tornar senador. Passo a passo, constrói sua caminhada com foco no resultado que agora colhe.
Iris pode ter se decidido pela aproximação com Caiado também por aí, ou depois. Antes, talvez? Não importa. Os planos se fundiram, quando os dois se uniram.
Caiado tem hoje ao seu lado o maior partido do Estado e um índice de aprovação nas alturas, quase 90%. E está livre para lutar pela Presidência.
Não há vitória garantida nem nacional nem estadual. Fato. Mas quem há de negar as condições foram criadas para a construção de ambas, por mais difíceis que sejam?
No caso nacional, o desafio é mais difícil ainda: Caiado não depende só dele. O jogo é bruto e muito maior. Mas ele tá nesse jogo, e isso conta.
Em Goiás, Caiado faz sua parte. Daniel que lute também. A nenhum dos dois interessa perder, mas para Daniel é tudo ou nada.
Pesquisas apontam que, por ora, Daniel é o candidato que lidera a preferência dos eleitores goianos.
As mesmas pesquisam deixam claro outra coisa: Caiado é o candidato dos goianos à Presidência.
Se lançar o slogan, arrocha: “Somos Todos Caiado”.
Oposição é História.









