Entenda como as bombas nucleares funcionam

Entenda como a divisão do átomo de urânio libera uma energia devastadora e deu origem a um dos armamentos mais temidos da história.

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Fonte: Departamento de Defesa dos Estados Unidos – Réplica da bomba "Fat Man" lançada em Nagasaki, em 1945

As bombas atômicas, ou armas nucleares, são dispositivos de destruição em massa que funcionam com base em reações nucleares altamente energéticas. Existem dois tipos principais: as bombas de fissão e as de fusão. Ambas têm em comum a capacidade de liberar uma quantidade imensa de energia em um curto intervalo de tempo, causando calor extremo, radiação intensa e ondas de choque devastadoras.

A base científica das armas nucleares nasceu nos laboratórios. Ao longo das décadas de 1920 e 1930, cientistas de diferentes países investigavam as propriedades do átomo – a menor unidade da matéria. Descobertas importantes, como a instabilidade de elementos pesados como o urânio, levaram à compreensão da fissão nuclear: a quebra do núcleo de um átomo que libera energia e nêutrons.

Essa ideia foi posta em prática por físicos como Enrico Fermi, Lise Meitner, Otto Hahn e Fritz Strassmann, que demonstraram experimentalmente que o urânio-235, um isótopo instável do urânio, ao ser bombardeado por nêutrons, se dividia em elementos menores e liberava grande quantidade de energia.

Essa descoberta abriu caminho para o desenvolvimento de um tipo totalmente novo de arma.

Projeto Manhattan: a criação das primeiras bombas

Com o avanço da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos lideraram uma corrida contra a Alemanha nazista para desenvolver a primeira bomba atômica. Assim nasceu o Projeto Manhattan, uma megaoperação científica e militar que reuniu mais de 100 mil pessoas – entre elas o físico Robert Oppenheimer, conhecido como “o pai da bomba atômica”.

O primeiro teste bem-sucedido aconteceu no dia 16 de julho de 1945, no deserto de Los Alamos, Novo México. Conhecida como bomba Gadget, a explosão gerou um clarão mais brilhante que o sol, uma nuvem em forma de cogumelo e uma onda de choque que varreu quilômetros ao redor. Era o nascimento da era nuclear.

Tipos de bombas atômicas

Bombas de fissão (atômicas)

Essas bombas usam elementos pesados como urânio-235 ou plutônio-239. Ao serem bombardeados por nêutrons, seus átomos se dividem em dois núcleos menores, liberando energia e mais nêutrons. Esse processo gera uma reação em cadeia, onde cada fissão provoca outras, resultando numa explosão nuclear.

  • Exemplos:
    • Little Boy (usada em Hiroshima, 1945 – urânio-235, 16 quilotons)
    • Fat Man (usada em Nagasaki, 1945 – plutônio-239, cerca de 20 quilotons)

Bombas de fusão (termonucleares ou bombas de hidrogênio)

Mais potentes que as de fissão, essas bombas combinam átomos leves, como hidrogênio, para formar átomos mais pesados, liberando ainda mais energia. A fusão só é possível sob temperaturas e pressões extremamente altas – por isso, essas bombas usam uma bomba de fissão como “gatilho”.

  • Exemplo:
    • Tsar Bomb (URSS, 1961): a maior bomba já detonada, com potência de 50 megatons, mais de 3 mil vezes maior que a de Hiroshima.

Efeitos da explosão nuclear

Uma explosão atômica libera três efeitos principais:

  • Calor extremo: capaz de derreter estruturas metálicas, causar queimaduras severas e incendiar tudo em um raio de quilômetros.
  • Onda de choque: destrói edifícios, derruba árvores e causa lesões internas nas pessoas próximas.
  • Radiação ionizante: pode matar imediatamente ou causar doenças graves (como câncer) a longo prazo, afetando até gerações futuras.
Hiroshima e Nagasaki: as primeiras (e únicas) aplicações em guerra

Em agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas contra o Japão, forçando sua rendição e encerrando a Segunda Guerra Mundial.

  • HiroshimaLittle Boy, 6 de agosto
    • Potência: 16 quilotons
    • Altura da explosão: 570 metros
    • Vítimas imediatas: 80 mil
    • Estimativa total: mais de 140 mil mortos
  • NagasakiFat Man, 9 de agosto
    • Potência: cerca de 20 quilotons
    • Vítimas estimadas: mais de 70 mil

Esses ataques são, até hoje, os únicos casos de uso de armas nucleares contra civis em conflitos armados.

Fonte: George R. Caron / Charles Levy – A nuvem formada sobre Hiroshima (esquerda) após a queda da Little Boy e sobre Nagasaki, após o lançamento de Fat Man

Embora o Brasil domine tecnologias nucleares, o país não possui armas nucleares. Em 1998, assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), comprometendo-se a não desenvolver, adquirir ou testar esse tipo de armamento.

O uso da energia nuclear no Brasil é limitado a fins pacíficos, como geração de eletricidade (usinas nucleares), aplicação médica (radioterapia) e uso agrícola. A fiscalização é feita por organismos internacionais como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e, no contexto regional, pela Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC).

As bombas atômicas transformaram o mundo. Sua invenção não só encerrou uma guerra, como também inaugurou uma nova era geopolítica: a Era Nuclear. O conhecimento que possibilita sua construção é o mesmo que fornece energia a hospitais, indústrias e casas. Mas seu uso como arma revela um paradoxo da ciência: a capacidade de criar, mas também de destruir.

Hoje, as discussões sobre armas nucleares envolvem não apenas tecnologia, mas ética, política internacional e a sobrevivência da humanidade. O equilíbrio entre poder e responsabilidade continua sendo um dos maiores desafios do século XXI.

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