Chilli Beans abandona dólar e adota moeda chinesa em negociações; entenda

Chilli Beans adota renminbi nas negociações com a China, alinhando-se ao movimento de desdolarização defendido por Lula e pelo BRICS.

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Eric Prouzet – Unsplash

A marca brasileira Chilli Beans anunciou uma mudança significativa em sua política comercial: a empresa deixará de utilizar o dólar americano nas transações com fornecedores na China, adotando o renminbi, moeda oficial chinesa.

A decisão foi revelada por Caito Maia, fundador e CEO da Chilli Beans, durante participação no podcast “De Frente com CEO”, da revista Exame, em agosto de 2025.

Segundo Maia, a medida já está gerando benefícios financeiros para a companhia, especialmente relacionados às flutuações cambiais. O principal objetivo da mudança é fortalecer uma relação comercial direta, mais vantajosa e menos dependente das variações do dólar no mercado global.

“Queremos continuar mantendo esta prática. A ideia é que o uso do dólar não volte nunca mais”, afirmou o executivo no programa, reforçando o caráter permanente da iniciativa.

A parceria entre a Chilli Beans e o mercado chinês é antiga. De acordo com Caito Maia, a empresa mantém relações comerciais com a China há mais de 30 anos, tendo desenvolvido parcerias sólidas com fábricas e fornecedores locais por cerca de 25 anos.

“É uma relação comercial extremamente ganha-ganha, saudável, ética e bacana com o país. A Chilli Beans está onde está porque a China nos ajudou e acreditou em nós”, destacou o CEO.

Brics e o movimento de desdolarização

A decisão da Chilli Beans ocorre em um momento de intensificação do debate sobre a desdolarização no comércio internacional, especialmente entre os países membros do Brics(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Em declarações recentes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem enfatizado a importância de reduzir a dependência do dólar americano nas transações comerciais do Brasil, destacando a busca por maior autonomia econômica e fortalecimento das parcerias internacionais.

Lula afirmou que o Brasil deve avançar em acordos que permitam o uso de moedas locais e alternativas ao dólar, alinhando-se à estratégia dos BRICS para ampliar o uso de outras moedas nas relações comerciais, como o renminbi chinês. Essa tendência reflete uma mudança global na dinâmica do comércio exterior, impactada por tensões geopolíticas e flutuações cambiais.

A adoção do renminbi pela marca brasileira reflete essa tendência global de diversificação das moedas nas transações internacionais, com empresas buscando reduzir riscos cambiais e estreitar laços comerciais com parceiros estratégicos.

Extra: por que os EUA não querem a desdolarização?

Os Estados Unidos se esforçam para manter o dólar como a moeda mundial principalmente por um benefício econômico enorme: como o comércio global, especialmente de commodities como o petróleo, é negociado em dólares, todos os países e grandes empresas precisam da moeda americana para suas transações e reservas.

Essa demanda constante e artificial permite que o governo dos EUA financie a sua dívida pública a juros muito mais baixos, pois o mundo inteiro compra seus títulos do Tesouro como uma forma segura de guardar seus dólares.

Além do financiamento barato, a hegemonia do dólar dá aos EUA um controle macroeconômico único. Quando o país precisa criar mais dinheiro, parte do efeito inflacionário que isso normalmente causaria é “exportado” e diluído pelo resto do mundo, que absorve esses novos dólares.

Isso dá aos EUA uma flexibilidade para gerir sua economia e suas crises de uma maneira que nenhuma outra nação pode, sustentando sua estabilidade interna à custa de uma dependência global.

Por fim, o controle sobre a principal moeda do planeta é uma poderosa arma geopolítica. Os Estados Unidos podem usar o sistema financeiro do dólar para impor sanções, congelando ativos e cortando países ou empresas do comércio internacional de forma eficaz.

Esse poder de asfixiar economicamente seus adversários sem disparar um único tiro é uma ferramenta de pressão fundamental na sua política externa, garantindo que sua influência global vá muito além da força militar.

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