O governador Ronaldo Caiado (Uniao Brasil) está lutando pra ser candidato.
Este é o resumo de tudo que vem acontecendo na contramão de seu objetivo.
Enredo natural, previsto na origem do lançamento de sua pré-candidatura no início deste ano.
O senador piauiense Ciro Nogueira, do PP (que integra a federação União Progressista, com o UB), também luta.
Luta para ser candidato a vice-presidente. Queria ser vice de Jair Bolsonaro.
Agora quer ser vice numa chapa bolsonarista, de preferência encabeçado pelo governador Tarcísio de Freitas (SP). Ou de Rarinho Jr. (PR-PSD). De Caiado, não vê chance.
Os interesses conflitantes resultaram no choque que se viu neste domingo.
Em entrevista ao jornal O Globo, Ciro desmereceu a postulação de Caiado, que reagiu com nota dura e reafirmativa de sua disposição e recebeu réplica irônica do colega. Tudo em tempo corrido, literalmente.
PALANQUE NACIONAL
Já no lançamento de seu nome oficialmente, Caiado ponderava que não seria fácil. Que não estava iludido, e sim decidido a entrar no jogo conhecendo as regras e suas implicações.
Coragem, em vez de precipitação. Esperar sentado a unção da candidatura nunca será uma opção.
Pode-se até dizer que o embate com Ciro Nogueira é uma oportunidade. No domingo, este foi o assunto do dia.
À parte o menosprezo calculado de Ciro depois da entrevista, Caiado ocupou espaços com seu nome e seu projeto. O palanque se tornou nacional.
A possibilidade de saída do União Brasil para outro partido – Podemos ou Solidariedade são as opções de momento – também ganhou destaque.
Significa que a ideia ele desistência da pré-candidatura, recorrente nas tentativas de marginalizar Caiado, perdeu força.
Está claro que ele vai insistir. Persistir. Resistir. Não há xeque-mate. Há alternativas. A luta continua.
CADA UM NA SUA ESTRATÉGIA
Natural que o afunilamento para a hora das decisões provoque este tipo de movimentação. Abril está logo ali. Especialmente para Tarcísio de Freitas.
Tarcísio tem até o início de abril para bater o martelo. Vai para o embate nacional, e aí renuncia ao governo de São Paulo, ou tenta a reeleição. Não é pouco.
Ratinho e Caiado estão no segundo mandato e não estão exprimidos por abril. O desespero, portanto, não é deles.
É de políticos que dependem mais dos outros do que de si mesmos, agora.
É de Ciro, que pouco ou nada tem a oferecer, já que nem uma possível reeleição parece fácil em seu Estado.
CAIADO CORRE
Os choques e pancadas no meio do caminho continuarão surgindo para Caiado. E a questão posta não é mais até onde ele irá, porque até as convenções de junho está claro que ele não arredará pé de jogar para ser candidato a presidente, independente do que tiver que enfrentar.
A questão é outra:
1 – como ele jogará nesse campo minado por interesses e adversários internos – dentro da direita/bolsonarismo – e externos (PT, principalmente);
2 – como reagirá aos enfrentamentos?;
3 – o que fará para vencer o obstáculo posto também desde o início: ser conhecido nacionalmente e pontuar melhor nas pesquisas?
Caiado não é o dono da bola. Mas está em campo e sabe que precisa se movimentar. Para ele, a melhor defesa é o ataque e o contra-ataque. Ciro levantou a bola. O chute é livre.