Lá atrás havia uma aposta de que o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e seu vice, Daniel Vilela (MDB), se desentenderiam ao longo do caminho até a eleição do ano que vem. Agora a aposta é outra: que a ligação entre os dois não se resultará em transferência de voto na urna.
O que há de concreto: os dois estão em sintonia e o tempo está apenas reforçando isso, porque isso é possibilidade real de voto, na perspectiva de que o vice tem autoridade para propor continuidade na gestão bem aprovada (88%) e para discursar que o que está bom, vai melhorar com ele no poder.
Quando o gestor vai bem, costuma ir bem a reeleição ou a candidatura apoiada por ele. Na maior parte das vezes, se tal matemática falha, a falha está mais no processo da sucessão, que inclui articulações políticas e pré-campanha. Em outras palavras, só errando muito o candidato que tem tudo nas mãos pra ganhar, perde.
E Daniel Vilela tem tudo nas mãos: apoio de Caiado, máquinas do MDB e governo ao seu lado, o governo (que assumirá em abril), juventude, um sobrenome forte, aliados no entorno de a Brasília, apoio dos prefeitos dos maiores municípios (Goiânia, Aparecida e Anápolis) e não ser conhecido totalmente, o que resulta em rejeição baixa e espaço para firmar imagem positiva. A administração de tal capital é o x da questão. Mas nada indica que esteja sendo dilapidado. Pelo contrário.
Na inauguração do Cora, o hospital para tratamento de câncer na Capital, portanto em momento de grande emoção na história política e médica de Caiado, o que ele fez: pediu empenho em favor de Daniel. Em vez de olhar apenas para seu ganho de imagem, ele colou sua imagem no pedido de vitória daquele que escolheu para sucedê-lo.
Como se fosse mais um presente de aniversário, comemorado no mesmo dia do presente para Goias, o Cora, como enfatiza a propaganda do governo. O significado do gesto e emblemático. Soa como mensagem aos militantes e governistas em geral: minha meta em Goiás está cumprida (dois mandatos concluídos) e agora a meta é outra: reeleger Daniel.
Daniel Vilela já está governando, em muitos sentidos. E em (pré)campanha. Sua presença nos eventos do governo cresceu. E ele tem na ponta da língua as políticas da gestão em andamento, está à frente de outras e se põe como futuro, ao dar ênfase a pautas como tecnologia e modernização da gestão pública.
Caiado se desdobra em duas campanhas, a local e a nacional, para ser candidato a presidente da República. O tom de despedida do evento no Cora é anúncio de fim de governo, mas não de seu projeto político. Fazer o sucesso é fazer-se presidente são os desafios que o motivam hoje. Daniel é parte de um sonho, por isso o pé na realidade de sua reeleição será firme e decisivo. Ele é o suporte para o outro pé se movimentar nacionalmente.
Caiado e Daniel vem se movimentando em igual direção e em sintonia. Agora começa na prática a fase do ame-os ou deixe-os. Ou os aliados fecham com o projeto de ambos, ou que busquem abrigo na oposição. O jogo subiu um degrau. A estrutura não estará para brincadeira.