Atriz usou o cachê da ‘Playboy’ para montar ‘A Falecida’ no teatro; episódio marcou sua biografia
Nos anos 1990, posar nua para a Playboy era uma prática comum entre mulheres famosas, muitas das quais utilizavam os altos cachês recebidos para fazer investimentos pessoais, como a compra de imóveis. Maria Padilha, no entanto, gerou polêmica ao posar para a revista, revelando que o objetivo era arrecadar dinheiro para financiar a produção e a montagem da peça A Falecida, da qual ela era a protagonista e também produtora. Sua justificativa foi vista por muitos como moralista, e a decisão gerou uma grande repercussão na época, com algumas críticas ao uso da nudez como meio de garantir recursos para um projeto artístico.
Trinta anos depois, o episódio de Maria Padilha posando nua para financiar sua peça A Falecida permanece marcante em sua trajetória. A atriz, agora com 64 anos, recorda o impacto da decisão, especialmente a reação dos colegas.
“Foi um choque para muitos da minha profissão”, relembrou ela. “Lembro até de uma matéria na capa do Segundo Caderno, do GLOBO, o que nunca havia acontecido com uma foto da ‘Playboy’. Eles fizeram uma enquete com várias colegas minhas, perguntando se aprovavam minha atitude. A maioria concordou, mas uma não, e ficou por isso mesmo.” Padilha também refletiu sobre a questão do que seria “mais nobre” ao afirmar que não considerava mais respeitável usar a nudez para alcançar um objetivo, como a produção de uma peça ou compra de um imóvel, e disse que não se arrepende de sua escolha.
Maria Padilha mencionou uma matéria publicada em 28 de fevereiro de 1994, alguns dias antes de sua edição da Playboy de março chegar às bancas. Na reportagem, atrizes como Cissa Guimarães, Drica Moraes e Lucinha Lins foram ouvidas, mas apenas Lisandro Souto, “a moça que ficou no caminho”, se mostrou contrária: “Eu não posaria para uma revista masculina, arrumaria dinheiro de outra maneira para montar uma peça. Mas não condeno a Maria Padilha.”
Para o ensaio na Playboy, Maria se inspirou no universo de Nelson Rodrigues, autor de A Falecida, e buscou a ajuda de Gringo Cardia, seu amigo e diretor de arte, para lidar com a direção das fotos. “Na época, pedi ao Gringo Cardia, que era o meu amigo, pra me ajudar na direção de arte porque eu ficava pouco à vontade – menos de estar nua, mas com o rosto, que cara fazer, com que cara você faz fotos nua?”.