Brasil apresenta modelo de segurança alimentar a países africanos

Brasil compartilha com 40 países africanos experiências em segurança alimentar e agricultura familiar, destacando programas como o PAA.

Compartilhe

Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

Brasil e países africanos compartilham de um objetivo comum: garantir a segurança alimentar, de forma a erradicar a fome de suas populações, colocando à mesa das famílias alimentos saudáveis.

Para conhecer a experiência brasileira, que conseguiu acabar com a fome de dezenas de milhões de pessoas, 150 representantes de 40 países africanos estão em Brasília para participar, até quinta-feira (22), do 2º Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural.

Nesta terça-feira (20), muitos dos trabalhos desenvolvidos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foram apresentados às autoridades africanas. Em especial, políticas públicas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), bem como as de formação de estoques e de incentivo à agricultura familiar.

O encontro contou com a participação do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, a quem coube explicar algumas das políticas de Estado voltadas à erradicação da fome no país.

Também participou do encontro o ministro da Agricultura e das Florestas da Angola, Isaac dos Anjos. Por meio de parceria com a Conab, está em curso uma nova capacitação, para 75 técnicos angolanos, sobre políticas e programas de abastecimento social, custos de produção, armazenamento, controle de qualidade e fiscalização.

Na primeira etapa, no ano passado em Luanda, capital angolana, foram capacitados 97 profissionais, em temas como agricultura familiar, monitoramento de safra, análise de mercado e preços mínimos.

Soberania alimentar

“Soberania alimentar é, em primeiro lugar, produção de alimentos. Em segundo lugar, produção de alimentos saudáveis, algo relevante inclusive no sentido de prevenir doenças”, disse o ministro Paulo Teixeira ao iniciar sua participação no evento.

Ele destacou frentes de ações voltadas a crédito a pequenos produtores, bem como de compras públicas e de políticas voltadas à reforma agrária.

“Somado a isso, assistência técnica e rural e programas voltados a regiões específicas”, acrescentou Teixeira ao dar, como exemplo, algumas iniciativas voltadas a incentivar, na Amazônia, florestas produtivas de “espécies com resultado econômico para produtores, como açaí, cacau e palma de dendê.”

Agricultura familiar

Teixeira lembrou que, enquanto a agricultura familiar produz uma variedade de cerca de mil alimentos, o agronegócio produz apenas 15. Segundo o ministro, isso mostra que é justamente a agricultura familiar a que leva alimentos à mesa das pessoas.

Nesse sentido, Teixeira afirmou que tais políticas têm que focar na diversidade de alimentos, o que inclui a “recuperação das culturas alimentares de nosso povo, em especial visando os alimentos saudáveis de nossos ancestrais”. 

Para Teixeira, esta é uma alternativa ao que é oferecido pela indústria alimentícia, nem sempre saudável.

Divulgação – Conab

Ajuda governamental

O ministro explicou que algumas formas adotadas pelo governo, ao ajudar pequenos produtores, garantem a segurança alimentar da população.

“A primeira ajuda é via financiamento”, disse o ministro. “Todo ano são feitos financiamentos, o que tem colaborado, inclusive, para os [recentes] recordes de safra que obtivemos.”

Se, por razões climáticas, houver frustração de safra, uma solução são os seguros voltados para os produtores. “Isso é algo recorrente em tempos de mudanças climáticas”, argumentou o ministro.

A segunda ajuda citada por Teixeira são as políticas de compras públicas e os estoques públicos, algo que, segundo ele, foi retomado durante o atual governo.

Pelo menos 30% das compras feitas por instituições como Forças Armadas, restaurantes universitários e hospitais têm que ser de agricultores familiares”, detalhou Teixeira, ao informar que, na área da saúde, há também incentivo para uso de fitoterápicos como plantas medicinais oriundas de pequenos produtores.

Muitas dessas compras, feitas junto à agricultura familiar, têm como destino escolas, mas podem também ser doadas a entidades que atendem populações vulneráveis

“Por fim, como terceira forma de ajuda [do governo federal] estão as compras públicas que viabilizem acesso dos assentamentos de reforma agrária a novos mercados”, complementou.

Angola

Presente ao encontro, o ministro angolano Isaac dos Anjos lembrou que as parcerias entre os dois países não se restringem à Conab, abrangendo também o Ministério da Agricultura e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

“Recebemos algumas visitas da Embrapa. Além disso, eu mesmo já fiz especialização na Bahia, sobre agricultura florestal. Temos aprendido muito. Agora buscamos experiências brasileiras voltadas ao desenvolvimento industrial”, disse Isaac dos Anjos.

De acordo com o ministro, Angola já foi o quarto maior exportador de café. “Queremos voltar [a essa posição], mas não nos moldes coloniais, que exploravam a mão de obra barata de nosso país”, acrescentou.

Reparação histórica

Para o presidente da Conab, Edegar Pretto, parcerias com países africanos representam a possibilidade de o Brasil fazer uma reparação histórica com os povos do continente, uma vez que muitas das riquezas brasileiras foram geradas a partir dos escravizados que foram trazidos de lá, contra a vontade, pelos países colonizadores.

Quando fui a Angola, vi água em abundância, solo e muita terra fértil. Lá, também, plantando, tudo dá”, disse Pretto. Ele espera que, por meio dessas cooperações, o Brasil mostre aos países africanos como precificar os produtos agrícolas, por meio de políticas voltadas à safra e ao armazenamento.

Segundo o chefe da Assessoria de Relações Internacionais da Conab, Marisson de Melo Marinho, ao mesmo tempo que ensina, o Brasil aprende bastante com os países africanos.

“Ganhamos experiência com eles, a partir das técnicas de produção aplicadas por eles, nas condições deles”, disse Marinho, que citou, entre os aprendizados obtidos naquele continente, o uso de resíduos e farelos de produções como a de trigo para a alimentação de animais.

Ao mesmo tempo, novos mercados agrícolas acabaram sendo abertos ao Brasil. “Ao estendermos nossas mãos, favorecemos nossa balança comercial”, acrescentou.

Ganha-ganha

Na avaliação do secretário executivo adjunto do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cléber Soares, o comércio bilateral com países africanos possibilita “uma relação ganha-ganha”.

Temos muito a oferecer e a receber, como foi o caso do intercâmbio e das trocas de material genético”, afirmou Soares. Ele citou também, entre os benefícios dessa parceria, o cultivo, no Brasil, de um capim africano bastante eficiente para a alimentação de animais.

A fim de avançar nas parcerias, o Ministério da Agricultura vem ampliando as adidâncias agrícolas em outros países. “Passamos de 22 adidâncias para 40, das quais sete estão em países africanos”, disse o secretário.

Cléber Soares acrescentou que a Embrapa montou, na Etiópia, um escritório específico para as parcerias com a União Africana – organização que representa os 55 estados-membros do continente africano para promover a integração e o desenvolvimento socioeconômico de seus membros.

Recentes
TRT mantém condenação por câmera em vestiário em GO
TRT mantém condenação por câmera em vestiário em GO
Goiás · 1d
CBF marca testes contra França e Croácia para março
CBF marca testes contra França e Croácia para março
Esportes · 1d
Guia do Fim de Semana: Última rodada do Brasileirão, F1 e esportes globais
Guia do Fim de Semana: Última rodada do Brasileirão, F1 e esportes globais
Esportes · 1d
Expedição Araguaia: filme mostra como o projeto Araguaia Vivo formou ‘cientistas cidadãos’
Expedição Araguaia: filme mostra como o projeto Araguaia Vivo formou ‘cientistas cidadãos’
Meio Ambiente · 1d
Mais do PortalGO
Foto: FIFA
Copa 2026: Brasil encara Marrocos, Escócia e Haiti no Grupo C
Grupo do Brasil na Copa 2026 tem Marrocos, Escócia e Haiti. Caminho no mata-mata pode levar a confrontos pesados com Inglaterra e Argentina. 05 dez 2025 · Esportes
Mega fusão: Netflix compra estúdios da Warner Bros.
Netflix compra divisão de streaming e estúdios da Warner Bros. Discovery. Negócio de US$ 72 bi cria gigante da mídia; HBO Max será integrada. 05 dez 2025 · Notícia
Foto: Reprodução / Prefeitura de Goiânia
Fim de semana reúne teatro, adoção de animais, cantata e feira de orquídeas
Eventos em Goiânia, Aparecida e Trindade oferecem opções culturais, sociais e formativas no primeiro fim de semana de dezembro 05 dez 2025 · Cultura
Foto: Estúdio Podcast Goiás
José Délio, prefeito com foco em resultados e dedicação à política 24h por dia, é o convidado do ‘Quem Vai Ganhar’
Episódio reúne avaliação administrativa e bastidores da AGM 05 dez 2025 · Quem vai ganhar?
Foto: Prefeitura de Aparecida
Aparecida conclui troca de 100% da iluminação pública por LED
Mais de 62 mil pontos agora usam tecnologia LED 05 dez 2025 · Cidades
Foto: Divulgação PCPA
Justiça do Pará mantém prisão de PM goiano suspeito de tentar comprar criança
Enquanto o PM permanece em cárcere no Pará, a esposa obteve o direito à prisão domiciliar monitorada em Goiás 05 dez 2025 · Segurança
Foto: Hegon Corrêa
Daniel Vilela aparece à frente na disputa pelo governo de Goiás, aponta pesquisa
Vice-governador lidera cenário com 27,8% das intenções de voto 05 dez 2025 · Goiás
Fotos: Divulgação
Pirenópolis mantém cachoeiras abertas com segurança no período chuvoso
Fenômenos como tromba d’água exigem atenção redobrada dos visitantes 05 dez 2025 · Turismo
Fotos: SMS
Goiânia inicia vacinação contra bronquiolite para gestantes a partir da 28ª semana
67 unidades aplicam o imunizante em Goiânia 05 dez 2025 · Saúde
Reprodução
Aeronave é evacuada após equipamento de solo pegar fogo em Guarulhos
Latam realocou clientes e diz que não houve feridos 05 dez 2025 · Brasil