A HBO Max se aproxima do capítulo final da série documental sobre Ângela Diniz, e, quase 50 anos após o crime, o caso volta ao centro das discussões públicas. O assassinato da mineira, ocorrido em dezembro de 1976, não apenas mobilizou o país à época, mas se tornou um marco no debate sobre violência contra mulheres, especialmente pela forma como foi tratado nos tribunais.
Antes de ocupar manchetes policiais, Ângela Maria Fernandes Diniz já era uma figura conhecida na sociedade mineira. Independente e dona de uma vida que desafiava padrões da década de 1970, ela se desvinculou do conservadorismo da época, viajou pelo mundo, sustentou seus filhos e buscou autonomia — algo incomum para mulheres em plena ditadura militar. A imprensa social a apelidou de “Pantera de Minas”, referência à personalidade forte e à presença marcante.
A trajetória de Ângela se entrelaçou com a de Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street, com quem viveu uma relação conturbada. Após o fim do relacionamento, ele a matou com quatro tiros na casa de praia em Búzios. No entanto, a violência física não foi a única. No primeiro julgamento, em 1979, a defesa sustentou a tese de “Legítima Defesa da Honra”, baseando-se na tentativa de desqualificar a vítima. Doca recebeu uma pena branda e deixou o tribunal sob aplausos.
A série documental da HBO Max retoma esse percurso com material de arquivo, depoimentos e reconstruções que contextualizam o impacto social do caso. O episódio final deve explorar o segundo julgamento, em 1981, quando o réu foi condenado após a anulação do júri anterior. O caso se tornou um dos pilares para que, anos depois, o STF declarasse a tese de “Legítima Defesa da Honra” inconstitucional em crimes de feminicídio.
O último episódio na quinta-feira, dia 11 de dezembro.







