Cerca de 10 mil pessoas se reuniram na Praça Universitária, em Goiânia, neste domingo (07), durante a marcha nacional “Mulheres Vivas!”. A mobilização, que percorreu as ruas da capital até a Delegacia Estadual de Atendimento Especializado à Mulher (Deam), integrou um movimento coordenado em diversas capitais brasileiras para denunciar o aumento dos índices de feminicídio e violência de gênero no país.
O ato em Goiânia ganha relevância diante dos dados locais de segurança pública. O estado de Goiás ocupa atualmente o 6º lugar no ranking nacional de violência doméstica, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Além disso, três municípios goianos figuram entre as 20 cidades com maiores taxas de estupro no Brasil. Durante o protesto, coletivos e entidades civis cobraram o fortalecimento da rede de proteção, apontando problemas como falta de orçamento e estrutura defasada em delegacias especializadas.
Mobilização nacional

Além da capital goiana, grandes atos foram registrados em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Na Avenida Paulista, milhares de manifestantes pediram o fim da misoginia e a aplicação de penas mais severas.

No Rio de Janeiro, o ato em Copacabana contou com a presença de sobreviventes de tentativas de feminicídio, que relataram a falta de amparo estatal pós-violência.

Em Brasília, a concentração ocorreu na Torre de TV e contou com a presença de autoridades do governo federal. A pauta central unificou as demandas regionais: a implementação efetiva da nova Lei do Feminicídio (Lei 14.994/2024), ampliação de casas-abrigo e celeridade nos processos judiciais.
Contexto e estatísticas
A onda de protestos foi impulsionada por uma sequência recente de crimes de grande repercussão, incluindo o assassinato de duas funcionárias do Cefet-RJ, um atropelamento em São Paulo, que levou à cirurgia de amputação das pernas de uma vítima de tentativa de feminicídio, e a morte de uma cabo do Exército no Distrito Federal.”
Os números confirmam a gravidade do cenário. Em 2024, o Brasil contabilizou 1.459 feminicídios, uma média de quatro mulheres mortas por dia em razão do gênero. Já em 2025, os registros ultrapassam 1.180 casos. O Mapa Nacional da Violência de Gênero aponta ainda que cerca de 3,7 milhões de mulheres brasileiras vivenciaram algum episódio de violência doméstica nos últimos 12 meses.
As reivindicações apresentadas no domingo enfatizaram também a necessidade de recortes raciais e de classe nas políticas públicas, visando atender de forma mais eficaz mulheres negras, indígenas e periféricas, estatisticamente as mais vulneráveis à violência letal.








