Juros do cartão de crédito rotativo avançam e chegam a 445% ao ano

Famílias e empresas sentem o peso dos juros altos: rotativo do cartão atinge 445% ao ano. Veja como isso afeta seu bolso.

Compartilhe

© Arquivo/Agência Brasil

As taxas médias de juros cobrados pelos bancos subiram para famílias e empresas em março, tanto no crédito livre quanto nas concessões de empréstimos direcionados. Nas operações de crédito livre para pessoas físicas, o destaque foi o avanço de 2,5 pontos percentuais (pp) na taxa média do cartão de crédito rotativo, chegando a 445% ao ano.

A modalidade é uma das mais altas do mercado. Mesmo com a limitação de cobrança dos juros do rotativo, em vigor desde janeiro do ano passado, os juros seguem variando sem uma queda expressiva ao longo dos meses.

Isso porque a medida visa reduzir o endividamento, mas não afeta a taxa de juros pactuada no momento da concessão do crédito, aplicando-se apenas a novos financiamentos. Nos 12 meses encerrados em março, os juros da modalidade subiram 23,7 pp para as famílias.

Os dados são das Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas nesta quarta-feira (30), pelo Banco Central (BC). O crédito rotativo dura 30 dias e é tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão de crédito. Ou seja, contrai um empréstimo e começa a pagar juros sobre o valor que não conseguiu quitar.

Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida do cartão de crédito. Nesse caso do cartão parcelado, os juros subiram 0,1 pp no mês e caíram 9,6 pp em 12 meses, indo para 181,1% ao ano.

Crédito livre

No total, a taxa média de juros das concessões de crédito livre para famílias teve aumento de 0,3 pp em março, acumulando alta de 3 pp em 12 meses, chegando a 56,4% ao ano.

Compensando os aumentos no mês, estão os juros do cheque especial, que caíram 8 pp em março, mas têm alta de 6,1 pp em 12 meses, alcançando 134,2% ao ano. Desde 2020, a modalidade tem os juros limitados em 8% ao mês (151,82% ao ano).

No caso das operações com empresas, os juros médios nas novas contratações de crédito livre tiveram incremento de 0,8 pp no mês e 3,5 pp em 12 meses, alcançando 24,6%. Destaca-se, nesse cenário, a alta de 9 pp na taxa média das operações de cheque especial, que chegou a 349,2% ao ano.

“Em março, o efeito da alteração na composição dos saldos (efeito saldo) [das diversas modalidades de crédito] mostrou-se determinante para a elevação das taxas médias de juros do crédito livre, atenuado, em parte, pelo efeito da variação das taxas de juros (efeito taxa)”, explicou o BC.

Taxa média

o crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado ─ com regras definidas pelo governo ─ é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.

No caso do crédito direcionado, a taxa para pessoas físicas ficou em 11,4% ao ano em março, com aumento de 0,9 pp em relação ao mês anterior e de 1,6 pp em 12 meses. Para empresas, a taxa teve alta de 4,7 pp no mês e de 4,9 pp em 12 meses, indo para 18,4% ao ano.

Com isso, considerando recursos livres e direcionados, para famílias e empresas, a taxa média de juros das concessões em março aumentou 0,9 pp no mês e 3,1 pp em 12 meses, alcançando 31,3% ao ano.

A elevação dos juros bancários acompanha um momento de alta da taxa básica de juros da economia, a Selic, definida em 14,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. A Selic é o principal instrumento usado pelo BC para controlar a inflação.

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Ao aumentar a taxa, o órgão visa esfriar a demanda e conter a inflação, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, fazendo com que as pessoas consumam menos e os preços caiam. Até o fim do ano, a previsão dos analistas é que a Selic suba para 15%.

As estatísticas mostram ainda que a taxa de captação de recursos pelos bancos (o quanto é pago pelo crédito) subiu 0,8 pp no mês e 3,1 pp em 12 meses, chegando a 11,9% em março.

Já o spread bancário, que mede a diferença entre as taxas médias de juros das operações de crédito e o custo de captação, aumentou 0,1 pp no mês e manteve-se estável na comparação com março de 2024, situando-se em 19,4 pp. O spread é uma margem que cobre custos operacionais, riscos de inadimplência, impostos e outros gastos e resulta, então, no lucro dos bancos.

Saldos das operações

Em março, as concessões de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) tiveram alta de 2,7%, chegando a R$ 600,5 bilhões, resultado da redução de 0,1% para as pessoas físicas e aumento de 6,3% para empresas. As concessões de crédito direcionado caíram 4,4% no mês, enquanto no crédito livre houve alta de 3,5%.

Com isso, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos do SFN ficou em R$ 6,483 trilhões, um crescimento de 0,6% em relação a fevereiro. Na comparação interanual, com março do ano passado, o crédito total cresceu 9,9%. O resultado refletiu aumento de 0,5% no saldo das operações de crédito pactuadas com pessoas jurídicas (R$ 2,455 trilhões) e o incremento de 0,7% no de pessoas físicas (R$ 4,028 trilhões).

Já o crédito ampliado ao setor não financeiro ─ que é o crédito disponível para empresas, famílias e governos, independentemente da fonte (bancário, mercado de título ou dívida externa) ─ alcançou R$ 18,782 trilhões, com aumento de 0,2% no mês, refletindo, principalmente, os acréscimos de 0,5% nos títulos públicos de dívida e de 1,6% nos títulos de dívida securitizados, compensados pelo decréscimo de 2% nos empréstimos externos, impactado pela apreciação cambial no mês.

Em 12 meses, o crédito ampliado cresceu 13,3%, com avanços de 16,3% nos títulos de dívida e de 9,3% nos empréstimos do sistema financeiro nacional.

Endividamento das famílias

Segundo o Banco Central, a inadimplência ─ atrasos acima de 90 dias ─ se mantém estável há bastante tempo, com pequenas oscilações. Ela registrou 3,2% em março, sendo 3,8% nas operações para pessoas físicas e 2,2% com pessoas jurídicas.

O endividamento das famílias ─ relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses ─ ficou em 48,2% em fevereiro, redução de 0,3% no mês e aumento de 0,4% em 12 meses. Com a exclusão do financiamento imobiliário, que pega um montante considerável da renda, o endividamento ficou em 30,1% no segundo mês do ano.

Já o comprometimento da renda ─ relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média apurada no período ─ ficou em 27,2% em fevereiro, aumento de 0,1% na passagem do mês e 1,3% em 12 meses.

Esses dois últimos indicadores são apresentados com uma defasagem maior do mês de divulgação, pois o Banco Central usa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Recentes
Coronel Urzêda propõe proibir uso de serviço público para cuidados com bebês reborn
Coronel Urzêda propõe proibir uso de serviço público para cuidados com bebês reborn
Política · 1h
Gaucho and the Grassland: game inspirado na cultura gaúcha chega em julho ao PC
Gaucho and the Grassland: game inspirado na cultura gaúcha chega em julho ao PC
Variedades · 2h
Chronoworking propõe jornada de trabalho alinhada ao relógio biológico
Chronoworking propõe jornada de trabalho alinhada ao relógio biológico
Variedades · 2h
Maioria dos internados com influenza no HMAP não tomou vacina
Maioria dos internados com influenza no HMAP não tomou vacina
Saúde · 3h
Mais do PortalGO
Foto: Reprodução
Eduardo Costa aparece careca em show e revela motivo: “muita bomba”
Eduardo Costa surpreende ao aparecer careca em show e revela que queda de cabelo foi causada por anabolizantes. 20 maio 2025 · Variedades
Foto: Divulgação
Quase 1.200 vagas de emprego estão abertas em Aparecida de Goiânia
Aparecida de Goiânia oferece 1.194 vagas de emprego nesta semana por meio do Sistema Municipal de Emprego (SIME). 20 maio 2025 · Trabalho
Fotos: Mantovani Fernandes/Seel
Parque Aquático de Goiânia passa por reforma após mais de 10 anos sem competições oficiais
Após anos sem uso, Parque Aquático de Goiânia passa por reforma para voltar a sediar competições oficiais. 20 maio 2025 · Goiás
Processo Seletivo para Reingresso, Transferência Interna, Transferência Externa e Portadores de Diploma (Foto: UEG)
UEG divulga edital do Minha Vaga 2025/2
UEG abre 5.374 vagas para Reingresso, Transferência e Portadores de Diploma em 32 cursos. Inscrições até 13/06. 20 maio 2025 · Educação
Foto: Fellipe Sampaio /STF
Moraes abre audiência de depoimentos sobre trama golpista
STF ouve testemunhas do inquérito golpista, incluindo general Freire Gomes. Bolsonaro e outros 7 réus são acusados pela PGR. 19 maio 2025 · Justiça
Divulgação – CBF
Eleição na CBF: Samir Xaud registra chapa e pode ser candidato único
Samir Xaud, presidente da Federação Roraimense, é o único candidato à presidência da CBF, eleição ocorre dia 25/08. 19 maio 2025 · Esportes
© Ricardo Stuckert/PR
Decreto define medicina e direito e odonto como cursos presenciais
Novo decreto define medicina, direito e saúde como cursos presenciais obrigatórios. EAD terá limite de alunos por aula e avaliações presenciais. 19 maio 2025 · Educação
Foto: Nelson Jr./SCO/STF
Prisão de Tuta reforça necessidade de aprovação da PEC da Segurança
Lewandowski destaca prisão de integrante do PCC na Bolívia e reforça necessidade de cooperação internacional no combate ao crime organizado. 19 maio 2025 · Justiça
Brasil confirmou, na última sexta-feira (16), o primeiro caso de vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em um matrizeiro de aves comerciais, no RS.Foto-arquivo/Agência Brasil
Brasil pode retomar exportações de carne de frango em 28 dias
Brasil pode recuperar status de livre de gripe aviária em 28 dias se não houver novos casos. Exportações de frango devem retomar gradualmente. 19 maio 2025 · Economia
© José Cruz/Agência Brasil
Rio vacina maiores de 80 anos contra nova cepa da covid-19
Rio começa vacinação contra covid-19 para idosos a partir de 80 anos. Unidades de saúde e Super Centro de Botafogo aplicam doses. 19 maio 2025 · Saúde