Henrique Meirelles afirma que políticas de Trump não impactarão negativamente o Brasil
As políticas protecionistas anunciadas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, não devem prejudicar o Brasil, segundo o ex-ministro da Economia e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Conforme Meirelles, a combinação de um mercado interno forte e exportações diversificadas garante ao Brasil uma posição resiliente frente às possíveis instabilidades no comércio global.
A declaração foi dada durante o evento Lide Brasil Conferência, promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), UOL e Folha de S.Paulo, em Lisboa. Meirelles participou do terceiro painel do dia, intitulado “Investimentos: a nova economia brasileira e as oportunidades para investimentos”. O encontro ocorreu nesta sexta-feira (15).
Políticas de Trump e perspectivas econômicas são debatidas em evento internacional
Durante o evento promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais) em Lisboa, especialistas discutiram os impactos das políticas comerciais protecionistas do governo Trump e as oportunidades econômicas para diferentes regiões do mundo.
Impacto das políticas comerciais de Trump no Brasil
Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e presidente do Banco Central, afirmou que as restrições comerciais planejadas pelos Estados Unidos, embora desafiadoras para países exportadores, podem trazer vantagens estratégicas ao Brasil em setores como commodities.
Meirelles destacou que o mercado interno robusto e a predominância da indústria voltada ao consumo doméstico reduzem o impacto direto dessas medidas no Brasil. Ele também reforçou que os investimentos em infraestrutura e consumo interno continuam cruciais para o fortalecimento da economia brasileira, e que a diversificação das exportações ajuda a mitigar os riscos globais.
Desafios e oportunidades na Europa
António Nogueira Leite, presidente do Conselho de Administração da Mapfre e ex-secretário de Estado do Tesouro de Portugal, abordou os desafios enfrentados pela Europa para crescer economicamente. Ele ressaltou que a zona do euro enfrenta projeções modestas de crescimento, entre 0,8% e 1,6% até 2026, com a Alemanha desempenhando um papel central.
Segundo ele, as dificuldades econômicas e políticas alemãs, somadas à falta de reformas estruturais, estão impedindo avanços significativos. “Sem reformas, a recuperação europeia será lenta e insuficiente”, afirmou Nogueira Leite.
Portugal, por outro lado, apresenta um desempenho levemente superior à média europeia, com uma expectativa de crescimento próximo de 2% até 2026. Embora o número seja considerado baixo para economias emergentes como o Brasil, Nogueira Leite destacou que ele é mais positivo do que os de muitos países da região.
Conclusões e próximos passos
O painel também contou com a participação de Nuno Sampaio, secretário de Estado de Negócios Estrangeiros de Portugal; João Kepler, CEO da Bossa Invest; e Marcelo Bastos, fundador da Sizebay. Os debates reforçaram a necessidade de investimentos estratégicos e reformas econômicas, tanto no Brasil quanto na Europa, como fatores-chave para enfrentar os desafios globais.