O presidente brasileiro recebeu o líder chinês no Palácio da Alvorada. Os dois países firmaram mais de 30 acordos internacionais abrangendo setores como infraestrutura, educação e tecnologia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mencionou nesta quarta-feira (20) conflitos, como a guerra na Ucrânia, destacando que Brasil e China priorizam “paz e diálogo” em suas relações internacionais.
As declarações foram feitas ao lado do presidente chinês, Xi Jinping, durante encontro no Palácio da Alvorada. Lula reforçou a necessidade de reformar organismos internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU, para ampliar a representatividade de países em desenvolvimento.
“Defendemos a reforma da governança global e um sistema internacional mais democrático, justo, equitativo e ambientalmente sustentável. Em um mundo assolado por conflitos armados e tensões geopolíticas, China e Brasil colocam a paz, a diplomacia e o diálogo em primeiro lugar”, disse Lula à imprensa.
Brasil e China integram um grupo de nações empenhadas em mediar uma solução pacífica para o conflito no leste europeu. Durante o discurso, Lula não mencionou diretamente o presidente russo, Vladimir Putin.
Xi Jinping, líder do maior parceiro comercial do Brasil, está em visita de Estado a Brasília após participar das reuniões do G20 no Rio de Janeiro.
Em pronunciamento à imprensa nesta quarta-feira, Lula destacou o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa brasileira durante a presidência do G20, e declarou: “Jamais venceremos o flagelo da fome em meio à insensatez das guerras.”
O presidente brasileiro também mencionou o filósofo chinês Confúcio e referiu-se a Xi Jinping como um “amigo de terras distantes”. Ele destacou investimentos de empresas brasileiras na China e anunciou que, em 2026, o Brasil realizará o Ano Cultural Brasil-China, com o objetivo de promover e aproximar as duas sociedades, reconhecidas mundialmente por sua rica diversidade e criatividade.
Na reunião realizada na residência oficial, os presidentes abordaram temas como políticas de investimento e desenvolvimento, relações bilaterais, além de coordenação em tópicos regionais e globais.
Nesta quarta-feira, foram firmados 37 acordos de cooperação internacional entre os dois países, abrangendo áreas como abertura de mercado para produtos agrícolas, intercâmbio educacional, e colaboração em setores como indústria, energia, mineração, finanças, comunicações, sustentabilidade, turismo, esportes, saúde e cultura. Lula também destacou que os esforços conjuntos se estenderão por 50 anos, incluindo temas como inteligência artificial, transição energética e tecnologia aeroespacial.
SpaceSail x Starlink
Entre os atos assinados, um memorando de entendimento entre a Telebras, vinculada ao Ministério das Comunicações, e a Shanghai SpaceSail Technologies, tem como objetivo fornecer serviços de telecomunicações via satélite. Esse acordo pode impactar os negócios da Starlink, empresa de internet via satélite de Elon Musk, no Brasil.
Recentemente, Musk esteve envolvido em polêmicas com autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O empresário, aliado de Donald Trump, também trocou farpas com a primeira-dama Janja em um evento paralelo ao G20.
Mundo está longe de ser tranquilo, diz Xi Jinping
Após a fala de Lula, o presidente chinês também realizou uma breve declaração. De acordo com o serviço de tradução contratado pelo governo brasileiro, Xi Jinping afirmou que o mundo está longe de ser um lugar pacífico, destacando a existência de guerras e conflitos.
Xi ressaltou que Brasil e China seguirão um caminho conjunto em prol da segurança global e recordou que ambos os países fazem parte de um grupo dedicado à busca pela paz na Ucrânia.
O líder chinês expressou preocupação com o agravamento da situação na Faixa de Gaza e enfatizou a necessidade de uma solução para a questão do Estado Palestino. Xi também manifestou disposição para cooperar com o Brasil em ações multilaterais voltadas à promoção da paz no Oriente Médio.
“Estamos preocupados, e a comunidade internacional precisa agir para resolver a crise atual. Devemos focar na Palestina para alcançar resultados imediatos,” declarou Xi, conforme a tradução disponibilizada pelo Palácio do Planalto.